4 curiosidades sobre pneus run flat
Você está dirigindo em uma noite chuvosa e em um local deserto. De repente, o carro começa a se comportar de forma estranha e você percebe que o pneu está furado.
Mas, ao contrário de um filme de horror no qual o condutor se vê obrigado a efetuar a troca imediatamente – e em pânico, observando atentamente qualquer movimentação à sua volta – nesse caso você pode seguir rodando por mais um tempo até encontrar um local seguro para efetuar a troca.
Essa segurança adicional é resultado da tecnologia embarcada nos pneus run flat que permitem ao motorista continuar rodando com o veículo em caso de perda total da pressão interna do ar.
Mas, como toda a inovação, ela gera sempre muitas dúvidas e curiosidades, esclarecidas por Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus nesta reportagem do 54PSI:
1 – Há diferentes tipos de tecnologias – Há, basicamente, três tipos de pneus run flat: os com “suporte auxiliar”, que contam com peças em forma de anel em seu interior para suportar a carga em caso de perda de pressão; os pneus “auto suporte”, mais comuns, que contam com reforços de borracha em suas laterais para suportar o peso do veículo e, os mais modernos, os chamados “auto selantes”, que dispõem de uma camada polimérica viscosa de baixo índice de vulcanização em seu interior capaz de selar furos como uma cola.
2 – Parecem iguais, mas não são – Embora pareçam iguais, cada tipo de run flat possui a sua especialidade. Normalmente, os pneus que contam com os anéis de suporte em seu interior são mais difíceis de serem montados e balanceados.
“Porém, são ideais para veículos blindados, veículos de segurança e militares, pois resistem a danos em suas laterais e continuam estando aptos a rodar, mesmo que precariamente, quando totalmente destruídos”, explica Rafael Astolfi.
3 – O favorito das montadoras – Os pneus do tipo “auto suporte”, como os SSR da Continental, são os mais comuns do mercado por serem mais funcionais e de valor acessível. São mais leves em comparação aos pneus de suporte auxiliar, porém susceptíveis a ficarem inutilizados em caso de danos nas laterais. Demandam rodas especiais e não são intercambiáveis com pneus comuns. Algumas montadoras, como Mini e BMW, adotam os pneus do tipo SSR em praticamente 100% de seus veículos.
4 – Segurança e silêncio adicional – Os pneus run flat mais modernos – que, na verdade não são run flats, pois não rodam sem ar e que vêm ganhando espaço no mercado – são os do tipo auto selante, como os modelos ContiSilent da Continental. Apesar de serem os mais caros entre os três tipos, eles trazem muitas vantagens: são os mais leves e mais silenciosos, podem ser intercambiados com pneus comuns e não afetam a dirigibilidade ou conforto do veículo. Entretanto, também são sensíveis a possíveis danos nas laterais.
Os pneus auto selantes ainda possuem um futuro promissor por outra razão na visão de Rafael Astolfi: “quando combinados a camadas de espumas de poliuretano, muito parecidas com esponjas, chegam a reduzir o nível de ruído interno percebido pelos passageiros em 9dB, o equivalente à diferença entre uma conversa e uma discussão acalorada”, conclui.
Mitos e verdades sobre os pneus run flat
- Eles precisam de rodas especiais. Verdade. O run flat não pode ser montado em rodas comuns com “hump” (saliência na parte interna das rodas que mantém os talões do pneu encaixados) do tipo H2. Ele deve ser montado apenas em rodas com o hump estendido (EH2). Por ser mais elevado, esse modelo garante melhor ancoragem, o que é essencial para que o pneu não saia do talão quando rodar vazio.
- Pneus run flat não podem ser reparados. Falso. O run flat pode ser reparado como um pneu comum desde que sejam obedecidas as normas e as recomendações do fabricante. É essencial fazer uma boa análise da carcaça do pneu que rodou vazio para ter certeza de que ela suportará um reparo.
- Pneus run flat são mais/menos resistentes a buracos. Falso. O que dificulta o surgimento de bolhas em um pneu é a resistência de sua lona de corpo. Os pneus run flat costumam utilizar lonas de corpo únicas, não muito diferentes dos pneus convencionais. Assim, eles não são nem piores e nem melhores do que os pneus comuns nesse quesito.
- Os run flat aumentam o consumo de combustível do veículo. Verdade. A massa do pneu está diretamente ligada à sua resistência ao rolamento. Por terem massa mais elevada em comparação à dos pneus comuns, os run flat apresentam maior resistência ao rolamento e impactam sim no gasto de combustível.
- Quanto menor a velocidade, maior a quilometragem. Assim os run flat rodam mais. Falso. Os fabricantes de pneus são unânimes com a limitação de 80 km a 80km/h para o run flat, mas há quem acredite que se a velocidade ficar abaixo dos 80km/h, os pneus deveriam entregar maior quilometragem. Tal relação não existe, pois o que realmente degrada o pneu é a temperatura que ele suporta ao rodar vazio e não a velocidade ou a distância percorrida.