Componentes de suspensão e direção obrigatoriamente devem ser trocados aos pares?
Em linhas gerais, os sistemas de suspensão e direção são simétricos em relação ao eixo central do carro, ou seja, os componentes que estão presentes no lado esquerdo também estão presentes no lado direito.
Com a utilização do carro, é natural que os componentes dos sistemas de suspensão e direção se desgastem com a mesma intensidade em ambos os lados. Assim, se um determinado componente em um dos lados apresentar um problema, é provável que o mesmo componente, do outro lado, apresente um problema em breve.
Tal fato leva muitas pessoas a incorporarem a seguinte regra: Sempre que o componente de um lado apresentar um problema, obrigatoriamente deve-se trocar também o do outro lado. A questão é: Será que há mesmo essa obrigatoriedade?
Pra responder essa pergunta corretamente, o ideal é separar os componentes dos sistemas de suspensão e direção em dois grupos: Componentes que essencialmente absorvem e/ou dissipam energia, por exemplo amortecedores e molas, e componentes que essencialmente trabalham como pontos de apoio e/ou articulações, por exemplo pivôs, terminais de direção, barras axiais, dentre outros.
Começando pelo grupo dos componentes que essencialmente absorvem e/ou dissipam energia. No caso dos amortecedores e molas, a troca aos pares é obrigatória, e o motivo é muito simples.
Você como motorista obviamente espera que o carro se comporte exatamente da mesma forma ao fazer curvas iguais pra esquerda e pra direita. Basicamente, quem permite esse equilíbrio entre os lados do carro é o conjunto amortecedor/mola.
Se você substituir somente um amortecedor ou uma somente mola, colocando uma peça nova, e deixar o outro lado com uma peça usada, não haverá equilíbrio entre os lados e, portanto, o comportamento do carro se tornará inconsistente e imprevisível, o que obviamente prejudica a segurança.
Sendo assim, no caso de amortecedores e molas, sempre que for necessário substituir o componente de um dos lados, deve-se substituir também o do outro lado.
Agora vamos ao grupo dos componentes que essencialmente trabalham como pontos de apoio e/ou articulações. No caso de pivôs, terminais de direção, barras axiais, dentre outros, a troca aos pares não é obrigatória, mas é recomendável.
Uma articulação de um pivô usado, porém em bom estado, ou seja, sem folgas, desempenha exatamente o mesmo papel que o de um pivô novo. Portanto, combinar um pivô novo com um pivô usado em bom estado não traz qualquer prejuízo ou desequilíbrio ao comportamento do carro.
Generalizando, se um desses componentes de apoio e/ou articulação, como pivôs, terminais de direção, etc., apresentar um problema em um dos lados do carro, você pode substituir apenas o componente avariado. Se o seu par do outro lado estiver em bom estado, não haverá qualquer tipo de prejuízo ao comportamento do carro.
Contudo, apesar de não ser obrigatória a troca do par, é recomendável que ela seja feita. Como o componente usado já sofreu bastante, tendo passado por tudo que levou o seu par a apresentar um problema, é provável que ele também apresente um problema em breve.
Além disso, vale lembrar que sempre que uma manutenção é feita nos sistemas de suspensão e direção, é necessário conferir e ajustar a geometria / o alinhamento do carro. Se o componente usado resolver “abrir o bico” pouco tempo depois dessa manutenção, você terá um gasto duplo de mão de obra e de alinhamento, o que definitivamente não é interessante.
É por essa razão que muitos mecânicos sugerem aos seus clientes que a troca dos componentes dos sistemas de suspensão e direção seja feita aos pares, o que ao fim e ao cabo fez com que surgisse tal “regra”.
Em resumo:
Componentes que absorvem e/ou dissipam energia, como amortecedores e molas, devem ser trocados obrigatoriamente aos pares.
Componentes que trabalham como pontos de apoio e/ou articulações, é recomendável trocar aos pares, mas você pode trocar apenas um deles.
Frederico Padrão é o criador do canal “Mecânica Descomplicada” no YouTube, que hoje já conta com mais de 100.000 inscritos. Desde 2015, Frederico se dedica a explicar de forma simples e sempre bem ilustrada o funcionamento de sistema automotivos, traz dicas sobre manutenção, informações sobre equipamentos, além de dicas e curiosidades.