A ditadura dos indicadores

A ditadura dos indicadores

Gestão empresarial é algo que vai muito além do simples ato de administrar. Incluem-se o desenvolvimento de uma visão sistêmica do negócio, o mapeamento de processos e o desenvolvimento de pessoas, com o objetivo de aumentar a competitividade, a produtividade e a sustentabilidade através da melhoria contínua de resultados.

Outsider System, Insider System, modelos alemão, latino-americano ou latino europeu, gestão por resultados, por processos ou participativa. Não importa o modelo de gestão corporativa ou o nível de excelência de uma empresa ou corporação, é fato que vivemos no que podemos definir como ditadura dos indicadores.

São os indicadores que torna possível acompanhar a evolução das operações e todos os fatores de sucesso. Conhecidos como Indicadores-Chave de Desempenho ou KPI, sigla em inglês de Key Success Indicator, são as métricas consideradas essenciais para o negócio, uma operação, projetos ou departamentos.

Podem ser indicadores de produtividade, de qualidade, de capacidade ou estratégicos. E, aqui, está um dos fatores que resultam no título deste texto. Cada área tem o seu KPI, a sua meta, e invariavelmente não vemos as empresas, os gestores ou os colaboradores fazendo a análise crítica para identificar indicadores antagônicos ou que, de forma isolada, podem acabar comprometendo a empresa como um todo.

No setor automotivo, onde temos constantemente a pressão pela excelência técnica, o menor custo e a maior qualidade possível, é comum vermos a busca incessante por indicadores que não estão corretamente ajustados às peculiaridades de OEM e a maioria dos fornecedores na cadeia automotiva.

Como exemplo, podemos citar que a melhor decisão para a rentabilidade de um projeto pode não ser a mais adequada para a produção em série, ou a definição técnica para atender um requisito específico de projeto pode trazer desafios adicionais para a linha de montagem ou para a manutenção.

Porém, para termos os indicadores em conformidade, ou classificados como “verdes”, são cada vez mais abundantes termos decisões que, quando consideradas dentro de um contexto mais amplo, ou Big Picture, acabam mostrando-se mais penalizantes do que eficientes para a empresa como um todo. Não vamos aqui nos aprofundar nos modelos de gestão e os respectivos fundamentos de excelência para governanças corporativas, tampouco entrarmos no mérito financeiro dessas gestões, mas provocar a discussão sobre como tudo isso impacta no cotidiano de inúmeras empresas e negócios, além do quanto nocivo pode ser a busca cega por objetivos.

Cabe aos gestores conhecerem à fundo o negócio no qual estão inseridos, a cultura organizacional escolhida por suas empresas e o perfil de seus colaboradores para, além de identificar os indicadores-chaves para o sucesso de suas operações, garantir que todos estes indicadores contribuam para o sucesso de toda a empresa.

Carlos Barcha é especialista em pneus com 20 anos de experiência no setor automotivo, fundador e CEO da The Consulting Business Solutions. As opiniões e informações aqui expressas são pessoais e não refletem necessariamente o posicionamento destas empresas.

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