Inventaram o RaaS, Recurso como Serviço

Inventaram o RaaS, Recurso como Serviço

Por Carlos Barcha*

Tanto montadoras como fabricantes de autopeças vêm repetindo o mantra de estarem trabalhando para se transformarem em empresas de mobilidade.  

E por conta disso temos observado uma série de ações voltadas à oferta de produtos e serviços a partir de modelos disruptivos ou consagrados em setores que nada têm a ver com o automotivo. 

Neste processo, a BMW anunciou acesso pago ao recurso de aquecimento dos bancos e volante. Na Inglaterra, o “serviço” pode ser adquirido ao custo de £10 por mês, cerca de R$ 65.  

Outra função que também está disponível por assinatura é o BMW Drive Recorder, que usa as câmeras externas do carro para fazer gravações como uma câmera de painel.  

Na linha da montadora bávara, a Subaru cobra uma taxa mensal para manter ativado o recurso de partida remota via aplicativo e a Tesla usou por anos um software para limitar artificialmente a capacidade de bateria em seus modelos mais acessíveis. Prazer, este é o RaaS, Recurso como Serviço! 

Já a General Motors mantém uma abordagem mais tradicional, ao oferecer planos de assinatura para recursos avançados de navegação e direção. Nada mais tradicional: serviço adicional para conforto e conveniência adicionais… 

A evolução na abordagem é nítida: além da oferta de serviços adicionais ou complementares e geração de valor, existe agora uma onda para taxar o uso de recursos. Mas como tudo na vida, a oferta de serviços de assinatura também tem um limite, principalmente quando se passa a classificar um recurso como serviço. 

Não importa como você encare, todos os componentes, peças e equipamentos necessários para o funcionamento de um determinado recurso estarão presentes no veículo por um custo fixo e limitado já investido pela montadora, independentemente de pagamento adicional  ou assinatura mensal do “serviço”.  

Já é prática canônica do segmento automotivo a inclusão do custo de peças e equipamentos na composição do preço cobrado por um veículo. É por isso que o preço do carro muda para se ter rodas e pneus diferentes, sistema de som aprimorado, facilidades como sensores de estacionamento e etc. 

Agora fica a pergunta: se tudo que é necessário para um determinado recurso funcionar já foi pago ao comprar o carro, até onde seria legal, moral e ético cobrar novamente por isso?  

* Carlos Barcha é especialista em pneus com mais de 20 anos de experiência no setor automotivo e criador do Método Barcha

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