Esses saíram melhores que a encomenda
Por Carlos Barcha*
Quando o assunto é desenvolver um novo produto, o desejo é de fazer o melhor produto de todos, em todas as prestações. Com mais ou menos esforço, isso até pode ser possível, mas não para pneus.
Pneu é um componente automotivo cujo design e desenvolvimento sofrem com a síndrome do “cobertor curto”. Se “puxar” para uma performance específica, outra antagônica será negativamente impactada.
Com isso em mente, tanto montadoras como os fabricantes investem horas de engenharia para criarem o melhor caderno de especificações possível. Mesmo assim, ainda há o risco de “faltar meio ponto” em uma ou outra prestação e não conseguir aprovar o produto.
Mas também acontece o oposto: sem um motivo claro, um pneu torna-se um produto que excedeu as expectativas de todos!
Quem era apaixonado por muscle cars no final dos anos 1990, tinha no Firestone F-560 a ideia do pneu perfeito, seja pela aderência ou mesmo pelo rendimento em condições “específicas”.
Outro pneu que ainda hoje é lembrado na reposição é o Pirelli P400. Características como estabilidade e desgaste são até hoje mencionadas pelos motoristas mais saudosistas.
O Michelin XH-AS foi o cartão de visitas da fabricante francesa quando iniciou a operação fabril no Brasil e se tornou a referência para os concorrentes.
E temos ainda o Goodyear NCT5 que, embora seja muito lembrado quando o tema é conforto, não deixava nada a desejar nas demais performances.
No segmento de equipamento original, alguns modelos impressionaram bastante com seu cobertor “grande”. Surpreenderam montadoras (e seus fabricantes) com desempenhos elevados mesmo nas prestações antagônicas!
O Firestone Firehawk 700, principalmente em especificações desenvolvidas para a GM e Volkswagen, mostrou-se um design completo e com bastante flexibilidade para adequar-se a novos desenvolvimentos.
Não foram raras as vezes em que o Pirelli P6000, a despeito do sulco central característico, entregou um pacote de performances além do esperado para os veículos que equiparia.
Já o Michelin Pilot Sport 2 chegou em um nível de performance tal que seu fabricante precisou se adequar ao pedido da Ford para continuar usá-lo nos Fiesta europeus mesmo depois de lançado seu sucessor.
Ao longo de mais de um século de desenvolvimentos e evoluções, certamente existiram outros modelos de pneus que surpreenderam pelo desempenho global e merecem também a reputação que tiveram.
É o resultado inesperado, mas gratificante, da busca pela perfeição que, às vezes, chega um pouco menos longe dela!
* Carlos Barcha é especialista em pneus com mais de 20 anos de experiência no setor automotivo e criador do Método Barcha