Pneu inteligente: existe espaço para ele na mobilidade de hoje?

Pneu inteligente: existe espaço para ele na mobilidade de hoje?

Recentemente falamos aqui no 54PSI sobre o RFID e as aplicações imediatas desta tecnologia nos pneus de hoje, limitados à cadeia logística e de suprimentos. Mas ficou evidente que essa tecnologia traz consigo um leque enorme de possibilidades conforme a mobilidade do futuro, com seus carros autônomos, propulsão à base de hidrogênio e pneus inteligentes, torna-se cada dia mais atual.

Mas será que já temos, do ponto de vista técnico e financeiro, condições de produzir pneus efetivamente inteligentes?

Os parâmetros do pneu podem ser monitorados através de uma variada gama de sensores. Um deles é o já famoso TPMS, que permite conhecer a pressão de inflação e a temperatura do pneu em tempo real, e tem como função primária mitigar a ocorrência de danos, desgaste irregular, consumo excessivo de combustível e até acidentes.
Porém, ainda existe a necessidade de utilizarmos sensores adicionais como, por exemplo, acelerômetros e giroscópios para que tenhamos acesso às informações em tempo real como carga, velocidade de giro do pneu, área de contato com o solo, entre outros. Nenhum sensor que um smartphone mediano hoje em dia já não os tenha integrado em sua arquitetura…

Para transmitir toda essa gama de informações, utilizaremos o RFID. Mas que poderia ser o Bluetooth, Zig Bee, Lora Bee, infravermelho, Wi-Fi ou qualquer outro tipo de comunicação sem fio.
Os dados devem ser transferidos através deste tipo de comunicação não apenas pelo fato de a roda do veículo estar em movimento e fornecer milhares de dados por segundo, mas para permitir o seu armazenamento em módulos.

Quanto à maturidade das tecnologias atuais, de acordo com a SEAT Tyres, a correlação das informações providas pelo TPMS com a medição física através da válvula tradicional é, atualmente, de 99.7%. Para as cargas aplicadas ao pneu, este valor já supera os 85% na comparação entre as cargas reais e as simuladas em banco.

Logo, se a tecnologia para coleta das informações já está disponível e os algoritmos para processamento destas já possuem robustez e confiabilidade suficientes, qual variável nesta equação ainda está pendente para darmos o passo final em direção ao pneu inteligente?

E a resposta é: o carro! Certos avanços são intrusivos e dependentes de decisões tomadas ainda na fase de concepção das plataformas veiculares, não sendo possível simplesmente incorporá-los nos veículos atuais devido, entre outros fatores, às limitações na eletrônica que pode ser embarcada nelas. Mas sabemos também que a cada 10 anos em média temos plataformas de veículos totalmente novas sendo lançadas pelas montadoras ao redor do planeta.

Os fabricantes de pneus e outros componentes estão fazendo a sua parte. Cabe agora às montadoras determinar o modo mais efetivo e economicamente viável de otimizar o nível tecnológico de seus carros e permiti-los receber o estado da arte em seus componentes críticos.

A aplicação de pneus inteligentes é uma das chaves para a criação de um ambiente favorável para a chegada de uma nova era nas áreas da segurança nos transportes e de serviços de conectividade e mobilidade.

Por que não dar este passo o quanto antes, visando aumentar a eficiência e minimizar o custo geral do veículo e seus principais componentes, como o pneu inteligente, ao mesmo tempo que fornecemos à nossa sociedade um spoiler do que o futuro reserva?

Carlos Barcha é especialista em pneus com 20 anos de experiência no setor automotivo, fundador e CEO da The Consulting Business Solutions e, também, Gerente Técnico da Michelin América do Sul. As opiniões e informações aqui expressas são pessoais e não refletem necessariamente o posicionamento destas empresas

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