O paradoxo dos manchões

O paradoxo dos manchões

*Por Mateus Santos

O mundo dos negócios muitas vezes é um palco de paradoxos, onde decisões contraditórias e escolhas aparentemente ilógicas se desenrolam. Um exemplo disso é a postura dos frotistas, que por vezes se veem em uma situação complexa ao recusarem pagar pelo manchão em serviços de reforma de pneus, enquanto batalham arduamente para convencer o embarcador a assumir uma série de taxas de transporte, tais como reentrega, estadia do veículo, TDE (taxa de dificuldade de entrega), TRT (taxa de restrição de trânsito), entre outras.

A ironia desse cenário começa a se desenrolar quando observamos a resistência do frotista em arcar com o custo do manchão em serviços de reforma de pneus. O manchão, uma plaqueta de borracha com uma estrutura têxtil, é cobrado para reconstruir uma área muito danificada no pneu. Muitas vezes é encarado como um gasto desnecessário, uma despesa que poderia ser evitada ou até mesmo absorvida pelo recapador. No entanto, essa aversão ao pagamento do manchão pode rapidamente se chocar com a necessidade de cobrar uma série de taxas adicionais do embarcador durante o transporte de carga.

Ao tentar convencer o embarcador a assumir responsabilidades financeiras extras, como as taxas de reentrega, estadia do veículo, TDE e TRT, o frotista se encontra em um dilema evidente. Enquanto busca evitar os custos adicionais relacionados à manutenção de seus próprios veículos, ele se vê forçado a impor custos semelhantes ao embarcador, muitas vezes em uma tentativa de preservar sua própria margem de lucro.

Essa contradição se torna ainda mais pronunciada quando consideramos que o frotista, ao recusar o pagamento do manchão, muitas vezes está ignorando os custos inevitáveis associados à manutenção e ao tempo de inatividade dos veículos caso um pneu estoure por falta de manchão apropriado ou seja recusado pela recapadora (nesse caso a compra de um pneu novo). Enquanto isso, ao tentar transferir as taxas anteriormente mencionadas para o embarcador, ele pode encontrar resistência e negociações tensas, as mesmas encontradas pelos reformadores no momento de negociar os manchões com o frotista. Como dizemos aqui em Minas, “o pau que bate no Zé, também bate no Mané”

Em última análise, a contradição do frotista em não aceitar pagar o manchão na reforma enquanto luta para impor taxas de transporte ao embarcador revela uma dinâmica complexa de custos, lucros e relações de poder no setor de transporte e logística. É um exemplo vívido de como os interesses financeiros muitas vezes colidem e se entrelaçam em um emaranhado de paradoxos comerciais.

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