A importância da inclusão dos reformadores de pneus na audiência pública sobre a tarifa de importação de pneus

A importância da inclusão dos reformadores de pneus na audiência pública sobre a tarifa de importação de pneus

* Por Mateus Santos

Recentemente, a Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento para a realização de uma audiência pública destinada a discutir os impactos econômicos e sociais de um possível aumento da tarifa de importação de pneus. Este tema, de grande relevância, reuniu parlamentares, representantes do executivo e diversas entidades ligadas aos caminhoneiros e ao setor de pneus. No entanto, a ausência da ABR (Associação Brasileira de Reforma de Pneus) nesta audiência levanta questões importantes sobre a representatividade e a abrangência deste debate.

A proposta de reajuste da tarifa de importação de pneus, solicitada pela ANIP (Associação Nacional da Indústria dos Pneumáticos), gerou preocupações significativas nas últimas semanas. A ANIP, que representa as maiores empresas de pneus no Brasil, defende que a tarifa suba de 16% para 35%. Caso essa medida seja aprovada, prevê-se um aumento nos custos dos pneus, no frete e, consequentemente, na inflação. Ricardo Alípio da Costa, presidente da ABIDIP (Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de Pneus), destacou que “o momento é inoportuno para se pensar em aumento do imposto de importação, pois o cenário mudou criticamente contra os pneus importados e a favor dos pneus nacionais nos últimos 45 dias em que o frete marítimo saltou de 2 mil para 9 mil dólares o contêiner e o dólar disparou e a moeda brasileira está batendo recorde atrás de recorde de desvalorização”.

Diante desse cenário, a ausência da ABR (Associação Brasileira de Reforma de Pneus) na lista de convidados para a audiência é um ponto crítico que merece atenção. A ABR representa um segmento essencial do mercado de pneus, diretamente ligado aos preços, à qualidade e à disponibilidade de pneus reformados. Ignorar a participação da ABR é negligenciar uma parte significativa do setor e contradiz o objetivo de “ouvir todas as partes interessadas” mencionado no texto do requerimento.

A reforma de pneus é uma prática que não apenas oferece uma alternativa econômica para os caminhoneiros e empresas de transporte, mas também desempenha um papel importante na sustentabilidade, ao reduzir a necessidade de produção de novos pneus e o descarte inadequado de pneus usados. O segmento poderia oferecer insights valiosos e contribuir para uma discussão mais completa e equilibrada. Além disso, o setor de reforma vem sendo duramente castigado com a entrada de pneus importados contrabandeados a preços extremamente baixos. Isso está fazendo com que muitos transportadores utilizem apenas pneus novos ao invés de reforma-los e reutiliza-los.

O próprio estado brasileiro que declarou inconstitucional a importação de carcaça de pneus usadas, novamente vira as costas para o mercado de recapagem que emprega e recolhe impostos como qualquer outro mercado. Para que a audiência pública realmente alcance uma solução equilibrada e justa para todos os envolvidos, é fundamental que a ABR seja incluída no debate. Ignorar a ABR não só compromete a representatividade da audiência, mas também a eficácia das decisões que dela resultarão. Portanto, reiteramos a importância de convidar a ABR para que contribua com seu conhecimento e experiência, assegurando um debate verdadeiramente inclusivo e abrangente.

– As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do 54PSI –

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