Principal acionista da Pirelli sob investigação das autoridades italianas
O governo italiano abriu uma investigação para apurar a conduta da Sinochem, principal acionista da fabricante de pneus Pirelli, sob suspeita de violação de um decreto de 2023 que limita seu poder dentro da empresa. A medida foi anunciada em meio ao crescente embate entre Roma e o conglomerado estatal chinês sobre o controle da Pirelli, uma das mais importantes empresas do setor automotivo no país.
O decreto em questão, estabelecido pelo governo de Giorgia Meloni, visa assegurar a independência da Pirelli e restringir a influência da Sinochem, que detém 37% das ações da fabricante. A medida foi implementada por meio do “golden power”, prerrogativa que concede ao governo italiano poder especial sobre setores estratégicos, sem, no entanto, forçar a venda da participação do acionista estrangeiro. De acordo com o decreto, a Sinochem deve garantir a autonomia da Pirelli na gestão das relações com clientes e fornecedores e impedir que a empresa italiana siga instruções diretas da controladora chinesa.
A investigação, com prazo de 120 dias, “envolve uma possível violação das medidas destinadas a assegurar a ausência de vínculos organizacionais e funcionais” entre a Pirelli e sua acionista majoritária, conforme comunicado oficial divulgado pela própria fabricante italiana. Em resposta, a Sinochem declarou, por meio de nota enviada à Pirelli, que “sempre respeitou as medidas do decreto” e expressou confiança em esclarecer sua posição ao longo do processo administrativo.
A Pirelli passou para o controle chinês em 2015, após uma operação de compra que avaliou a empresa em 7,1 bilhões de euros, gerando preocupações na Itália sobre a perda de autonomia do grupo milanês. Desde então, a holding Camfin, liderada pelo ex-CEO da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, e atualmente vice-presidente executivo da empresa, vem elevando sua participação acionária e hoje possui 25,7% das ações, sendo o segundo maior acionista.
A intervenção do governo italiano nos últimos anos, especialmente com a intensificação da supervisão sobre a Pirelli, incentivou uma reorganização gradual do quadro de acionistas. Em maio deste ano, outro investidor chinês, o Silk Road Fund, que detinha 9% das ações, vendeu sua participação integral, marcando uma nova fase na estrutura societária da fabricante italiana.
Com informações Agência France Presse e Le Journal du Pneumatique