Empresas chinesas de pneus respondem às tarifas dos EUA
Em 2 de abril, o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, comunicou a intenção de aplicar tarifas adicionais sobre todos os produtos estrangeiros que entram no país. Embora ainda não tenham sido definidos prazos ou percentuais específicos, a medida é vista como uma ameaça direta à indústria chinesa de pneus, que […]
por Mateus Taday em 14/04/2025 - Atualizado em 14/04/2025
Em 2 de abril, o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, comunicou a intenção de aplicar tarifas adicionais sobre todos os produtos estrangeiros que entram no país. Embora ainda não tenham sido definidos prazos ou percentuais específicos, a medida é vista como uma ameaça direta à indústria chinesa de pneus, que há anos depende de fábricas no Sudeste Asiático para abastecer o mercado norte-americano com competitividade.
Dependência do Sudeste Asiático sob risco
Empresas chinesas do setor vinham obtendo margens expressivas ao exportar pneus produzidos em países como Vietnã e Tailândia. Contudo, essas nações foram incluídas na lista de origem das futuras tarifas, o que compromete a rentabilidade desse modelo de produção. A expectativa é que, por um período prolongado, fábricas no Sudeste Asiático deixem de gerar os lucros de antes para as companhias chinesas.
Sailun reforça estratégia global e confiança de acionistas
A Sailun Tire reiterou seu compromisso com a expansão internacional, mantendo fábricas em cidades chinesas como Qingdao, Weifang, Dongying e Shenyang, além de unidades no Vietnã e Camboja. Estão em construção novas plantas no México e na Indonésia. Com um portfólio diversificado que inclui pneus radiais para caminhões, veículos de passeio e modelos fora de estrada, a empresa atende mais de 180 países. Em resposta ao cenário incerto, a Sailun afirmou que seguirá monitorando o ambiente político-comercial e buscando minimizar impactos. O controlador da companhia anunciou em 8 de abril um novo plano de aquisição de ações, com investimentos previstos entre R$ 3,43 bilhões e R$ 6,86 bilhões (US$ 670 milhões a US$ 1,34 bilhão), reforçando a confiança no futuro da empresa.
Linglong aposta na diversificação de mercados e produção
A Linglong Tire enfatizou que sua atuação equilibrada entre os mercados doméstico e internacional, bem como a diversidade de clientes e regiões atendidas, permite diluir riscos. A empresa possui fábricas na Tailândia e na Sérvia, e adotará medidas como redirecionamento de pedidos, otimização de custos e fortalecimento da presença global para enfrentar possíveis perdas. A companhia afirmou que está em constante diálogo com clientes internacionais para lidar com os desafios impostos pelas mudanças nas políticas comerciais.
General, Triangle e Sentury seguem caminhos distintos
A Triangle Tire minimizou os impactos das novas tarifas, revelando que as vendas aos Estados Unidos representam menos de 1% de sua receita. Com presença equilibrada em diferentes continentes, a empresa considera que variações em mercados específicos têm influência limitada em seus resultados. Já a Tongyu Tire, com forte exposição ao mercado norte-americano, segue investindo em internacionalização e integração entre suas unidades na China, Tailândia e Camboja. A empresa estabeleceu parcerias estratégicas com clientes na Europa, Sudeste Asiático e Oriente Médio, e continuará diversificando mercados e ajustando sua produção global.
A Sentury Tire, por sua vez, aposta na nova fábrica no Marrocos, que entrará em operação ainda em 2025. A proximidade com Europa e América do Norte representa vantagem logística, especialmente em cenários de tarifas. A companhia considera que sua estrutura internacional — formada por unidades na China, Tailândia e Marrocos — oferece a flexibilidade necessária para enfrentar medidas protecionistas. A gestão também reforçou sua experiência prévia em lidar com barreiras comerciais e sua capacidade de adaptação.
Guizhou busca crescimento equilibrado e ampliação da presença global
A Guizhou Tire informou que nenhum país responde por mais de 10% de sua receita, segundo dados dos três primeiros trimestres de 2024. A empresa, que mantém operações em mais de 140 países e regiões, pretende intensificar esforços na gestão comercial, reforçar o controle de riscos e ampliar sua atuação global. A intenção é mitigar os efeitos adversos das medidas tarifárias por meio da expansão de mercado e do aumento do volume de negócios.
As reações das fabricantes chinesas de pneus refletem uma postura de cautela diante das possíveis novas barreiras tarifárias dos Estados Unidos, com foco em diversificação geográfica, fortalecimento de parcerias estratégicas e investimento em novas unidades produtivas no exterior como formas de preservar competitividade global.
Fonte: Tyrepress China.