Onde a inovação e a tecnologia impulsionam o universo dos pneus.

Artigos

Coluna do Quadrelli: Vale a pena inflar pneus com nitrogênio?

54PSI convida José Carlos Quadrelli para responder: Para a grande maioria dos motoristas, não. Embora seja de conhecimento geral que a calibragem com nitrogênio só traz benefícios tanto para os pneus como para as rodas, então por que seu uso não se tornou mais generalizado? Vamos entender por quê. Primeiramente, devemos esclarecer que o ar […]

por Mateus Taday em 13/05/2025 - Atualizado em 12/05/2025

54PSI convida José Carlos Quadrelli para responder:

Para a grande maioria dos motoristas, não. Embora seja de conhecimento geral que a calibragem com nitrogênio só traz benefícios tanto para os pneus como para as rodas, então por que seu uso não se tornou mais generalizado? Vamos entender por quê.

Primeiramente, devemos esclarecer que o ar atmosférico, normalmente usado para se calibrar os pneus, é composto de cerca de 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 1% de vapor de água e pequenas porcentagens de outros gases como dióxido de carbono (CO2 ou gás carbônico) e gases inertes como o argônio, por exemplo. Ao calibrar com nitrogênio puro (na prática a pureza obtida varia de 95 a 99%) temos uma dupla vantagem, aumentando a concentração do nitrogênio e eliminando o oxigênio e o CO2 da mistura já que são esses outros gases que podem causar prejuízos aos pneus e às rodas e à manutenção da pressão de inflação.

As principais vantagens atribuídas à calibragem com nitrogênio são as seguintes:

1.  Manutenção da pressão por mais tempo: isso ocorre pelo fato de o nitrogênio ter permeabilidade 3 a 4 vezes menor do que o oxigênio através da borracha do estanque, já que o tamanho de sua molécula (N2) é um pouco maior que a do oxigênio (O2). Além disso, a umidade (vapor de água) no ar atmosférico é o maior responsável pela sua variação de pressão de inflação já que a água aquece mais que o nitrogênio com o aumento da temperatura ao rodar, o que acaba aumentando mais a pressão;

2.  O pneu dura mais com o uso de nitrogênio: como a pressão é mais constante e ocorre um menor aquecimento interno, ambos contribuem para dar ao pneu uma vida mais longa. Além disso, a ausência de umidade diminui a oxidação do aço presente nos pneus (cintas estabilizadoras e talões), e reduz a perda de propriedades físicas dos componentes, o que novamente contribui para aumentar sua vida útil;

3.  Menor consumo de combustível: só o fato de manter a pressão de inflação mais constante e por mais tempo se traduz na redução de consumo de combustível, já que um pneu rodando com pressão baixa terá uma resistência ao rolamento maior;

4.  Menor risco de explosão do pneu: ao se reduzir a quantidade de oxigênio de 21% para algo entre 1 e 5%, os riscos de uma explosão são reduzidos significativamente. Embora tais ocorrências sejam raras em veículos de passeio, é por isso que seu uso é obrigatório na aviação comercial e na mineração, onde as temperaturas de trabalho são maiores;

5.  Menor oxidação das rodas: o fato de se eliminar a umidade ao se usar o nitrogênio reduz a oxidação das rodas, embora a diferença só seria notada com mais tempo e somente no caso de se usar rodas de aço.

Com todas essas vantagens, por que não usar? Primeiramente a oferta de serviços de calibragem com nitrogênio ainda não se tornou maior no caso de veículos de passeio principalmente pelo custo de aquisição e manutenção de equipamentos para disponibilizar seu uso em postos de serviço, revendas de pneus e automóveis e oficinas mecânicas. Além disso, nem todos os motoristas se animam a usá-lo já que geralmente envolve um custo adicional (ao redor de R$10 por pneu, enquanto o ar é gratuito) e o benefício esperado pode-se perder nas próximas calibragens ao se utilizar o ar novamente no caso de uma viagem longa, por exemplo.

Por outro lado, o aumento real da vida útil dos pneus e da economia de combustível com o uso do nitrogênio são difíceis de se medir na prática já que envolvem muitos outros fatores e somente seriam sentidos a longo prazo pelo motorista comum. A correta manutenção da pressão de inflação (que idealmente deve ser verificada toda semana), o alinhamento, o balanceamento e o rodízio periódicos, podem fornecer benefícios equivalentes, mesmo calibrando com ar.

Somente em alguns casos, em que o uso do veículo é mais intenso, como em competições esportivas (maior velocidade) ou no caso de motoristas de aplicativo e representantes de venda (grande quilometragem diária) entre outros, além daqueles que ficarão com o mesmo veículo por mais tempo, pode valer à pena pelas razões que expusemos anteriormente.

O Pneu de Automóvel: Um Guia Básico

– As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do 54PSI –