A exclusão da ABR: um debate desequilibrado sobre a taxação de pneus
A audiência pública que será realizada pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, no dia 10 de setembro, para discutir a taxação da importação de pneus para caminhões, é uma oportunidade crucial para o debate sobre os impactos econômicos e ambientais dessa medida. Contudo, a ausência da Associação Brasileira de Recauchutagem (ABR) entre os convidados para o evento levanta questões importantes sobre a representatividade e o equilíbrio das discussões que ocorrerão.
A ABR é uma entidade de extrema relevância para o setor de recauchutagem de pneus, uma atividade que desempenha um papel fundamental na economia e na sustentabilidade do país. O processo de recauchutagem estende a vida útil dos pneus, reduzindo significativamente o descarte de resíduos e promovendo práticas mais sustentáveis dentro da cadeia de transportes. Além disso, a recauchutagem contribui para a redução de custos operacionais para transportadoras e frotas de caminhões, que encontram nesse processo uma alternativa mais acessível e eficiente em comparação à compra de pneus novos.
Dada a importância desse setor, a ausência da ABR na audiência pública pode resultar em um debate desequilibrado. A taxação da importação de pneus, embora possa beneficiar determinados setores, afeta diretamente a recauchutagem, que utiliza tanto pneus nacionais quanto importados como matéria-prima para prolongar a vida útil desses produtos. É fundamental que a voz da ABR seja ouvida para que se compreendam os impactos dessa medida para um setor que não só gera empregos, mas também contribui significativamente para a redução de custos no transporte rodoviário e a preservação ambiental.
Além disso, é importante questionar se a ausência da ABR no debate não prejudica a construção de uma política mais justa e abrangente. Um evento de tal magnitude, que pode moldar o futuro de uma cadeia produtiva inteira, precisa garantir que todas as partes interessadas estejam representadas. A ABR, como representante legítima do setor de recauchutagem, tem contribuições essenciais a fazer sobre os desafios enfrentados por esse segmento, especialmente diante de medidas que impactam a oferta de pneus recauchutáveis.
Portanto, a ausência da ABR levanta uma preocupação legítima quanto à pluralidade e equilíbrio das discussões. Para que a audiência pública de fato cumpra seu papel de promover um debate democrático e inclusivo, é essencial que todos os setores afetados estejam representados. Nesse sentido, a inclusão da ABR entre os convidados é não apenas uma questão de justiça, mas também de garantir que a Comissão de Viação e Transportes tenha uma visão mais completa sobre os impactos da taxação da importação de pneus, especialmente no que tange à economia circular promovida pela recauchutagem.
* Mateus Santos é engenheiro e mestre em ADM, formado pelas Faculdades Unitri, FGV e UNIALFA. Especialista em pequeno frotista, atua com pneus há mais de 15 anos através da Conquixta Pneus em Uberlândia/MG. Mateus é natural de Formiga/MG e fala sobre mercado, novidades, tendências e tudo que envolver pneus de caminhão e a vida do caminhoneiro autônomo.
– As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do 54PSI –