Coluna do Quadrelli: o DOT é um número de série ou indica prazo de validade?
54PSI convida José Carlos Quadrelli para responder: José Carlos Quadrelli: Sim, pelo menos parcialmente, para a primeira pergunta e não para a segunda. Vamos explicar. O DOT foi instituído pelo Depto. de Transporte dos EUA em 1971 e cuja tradução em inglês, Department Of Transportation, fornece a sigla. É um número de identificação e rastreamento […]
por Mateus Taday em 26/05/2025 - Atualizado em 26/05/2025
54PSI convida José Carlos Quadrelli para responder:
José Carlos Quadrelli: Sim, pelo menos parcialmente, para a primeira pergunta e não para a segunda. Vamos explicar.
O DOT foi instituído pelo Depto. de Transporte dos EUA em 1971 e cuja tradução em inglês, Department Of Transportation, fornece a sigla. É um número de identificação e rastreamento de pneus que acabou sendo adotado mundialmente e que é estampado na parede lateral de cada um deles. É constituído de vários dígitos (inicialmente 10 e atualmente 13) que nos informam a fábrica que produziu o pneu, sua medida, especificação e data de fabricação. Na prática, somente pneus que atendem os critérios de certificação do Depto. de Transporte dos EUA podem exibir a marca “DOT” na lateral. Entretanto, mesmo algumas marcas de pneus que não atingem esses critérios acabam usando esse formato de número sem estampar a marca “DOT”.
Por que dissemos que ele é parcialmente um número de série? É que a grande maioria dos pneus produzidos no mundo não possuem uma identificação individualizada, que seria fornecida por um número de série sequencial como é o caso do número de série de veículos ou eletrodomésticos, por exemplo, onde não há repetição de um exemplar para outro. Isso porque o DOT fornece apenas, nos seus últimos quatro dígitos, a semana do ano e o ano em que o pneu foi produzido. Como exemplo, o pneu estampado com o código final do DOT igual a 2325 indica que foi fabricado na 23ª semana de 2025. Aqui cabe esclarecer que a contagem de semanas considerada pelos fabricantes de pneus considera a 1ª semana do ano como sendo a primeira semana completa daquele ano, iniciando-se no primeiro domingo do ano.
Isso quer dizer que todos os pneus produzidos naquela semana terão o mesmo número. Se considerarmos que tais pneus constituem uma série de pneus, poderíamos chamar o DOT como um tipo de “número de série” na falta de outra identificação individual. Alguns fabricantes até estampam um segundo número de série individual além do DOT, mas não é o caso mais comum.
Algumas fontes na web alegam que o DOT informa o prazo de validade do pneu, que terminaria 5 anos após a data ali indicada. É que confundem prazo de validade, que não existe para os pneus, com a garantia, que no Brasil é normalmente de 5 anos da data de compra (do pneu ou do veículo novo), ou 5 anos da data de fabricação no caso de o usuário não ter mais a nota fiscal de compra dos pneus.
E por que pneu não tem prazo de validade? É que sua vida útil depende de muitos fatores, a maioria dos quais relacionadas à sua condição de uso, o que varia muito de usuário para usuário e de veículo para veículo. Isso se dá também com outros produtos como eletrodomésticos e os veículos em si que não possuem prazos de validade estipulados pelos fabricantes já que, havendo a utilização e manutenção adequadas como recomendadas pelos fabricantes, poderão ser usados por longos períodos sem falhas.
Diferentemente de veículos ou eletrodomésticos, que podem durar muitas décadas, o pneu tem uma vida útil menor devido ao envelhecimento da borracha, fazendo com que ela perca suas características físico-químicas originais com o tempo. Mesmo pneus parados, como os pneus estepes, sofrem efeitos ambientais da temperatura, umidade, ozônio, entre outros. É por isso que os fabricantes de pneus recomendam que pneus com mais de 5 anos de sua fabricação sejam inspecionados anualmente por técnicos credenciados para verificar se podem continuar rodando, e retirados de uso após 6 anos por alguns, ou no máximo 10 anos por outros, para garantir a segurança dos usuários.

* Nascido em 20/11/57 em São Paulo-SP, formou-se em engenharia mecânica na Poli/USP em 1981 e obteve mestrado na mesma área pelo Universidade de Minnesota, nos EUA, em 1985. Trabalhou inicialmente na área de tubulações industriais pela Promon Engenharia e depois como sócio fundador da Frontenge Engenharia, empresa de consultoria em projeto industrial. Em 1994 foi contratado pela Bridgestone do Brasil onde exerceu os cargos de engenheiro de campo depois gerente e gerente geral de engenharia de vendas até 2020 quando se aposentou e hoje atua como consultor. É autor de 2 livros, um deles sobre pneus. É casado e tem uma filha.
O Pneu de Automóvel: Um Guia Básico
– As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do 54PSI –