Como funciona a tecnologia dos pneus sem emenda da Dunlop?
Ela é o grande mote da propaganda da empresa no Brasil, que originou até o personagem “Frank”, um simpático Frankenstein que faz alusão às emendas presentes nos pneus dos concorrentes.
A tecnologia TAIYO, utilizada na fabricação de todos os pneus de passeio Dunlop produzidos na planta de Fazenda Rio Grande, no Paraná, permite a criação de pneus cujos componentes de borracha sejam extrudados diretamente sobre um tambor de construção. Ele opera girando continuamente para enrolar o “macarrão de borracha”, evitando assim o surgimento das emendas radiais, naturais em pneus que são produzidos com componentes extrudados e cortados em peças.
Trata-se de um conceito de construção bem interessante que traz vantagens sobre os sistemas tradicionais, principalmente no que tange à uniformidade dos pneus. É de se esperar que pneu sem (ou quase sem) emendas em componentes de borracha apresentem melhor balanceamento (desbalanceamento estático e dinâmico), batimento radial menor, além de reduzir os efeitos das variações de força radial, que podem até influenciar níveis de emissão sonora e acelerar ou retardar o desgaste dos pneus.
Mas os pneus Dunlop não estão totalmente livres de emendas. Vamos analisar cada um dos seus componentes:
- Lona de corpo: possui sobreposição e é justamente esta emenda que causa as indentações visíveis nas laterais de pneus radiais,
- Cintas: são utilizadas emendas do tipo topo-a-topo, que não possuem sobreposição. Por isso, não são consideradas como emenda,
- Capply ou nylon espiralado: por ser bobinado sobre a carcaça, também não tem emendas,
- Camada estanque, banda de rodagem e paredes laterais: aqui sim entra a tecnologia japonesa da Sumitomo Rubber. Como processo comum aos produtores de pneus, estas partes são feitas em peças. Porém, o que a Dunlop faz aqui é extrudar essas peças diretamente sobre o tambor de construção, bobinando a borracha sobre a carcaça.
Sim, os pneus da fabricante japonesa têm emendas. E justamente os componentes que seriam mais interessantes serem do tipo sem emenda, possuem emendas como qualquer outro mortal. É fato que este tipo de construção deixa o pneu mais uniforme, ajudando no balanceamento e pode até apresentar menor emissão de ruído e maior durabilidade. Não é verdade, porém, que o pneu fica mais estável, com maior dirigibilidade e todo o resto descrito no comercial.
Claro que os demais fabricantes não nasceram ontem e sabem bem balancear pneu com emendas nos componentes. Não é à toa que distribuem estas emendas de forma equiangular, geralmente as colocando da camada estanque na posição oposta à emenda da banda, para que as duas se equilibrem.
Apesar de ser um processo interessante, é possível que ele gere outros efeitos colaterais, tais como: variações nos compostos, já que são várias extrusoras diferentes re-processando a borracha, possíveis emendas frias na borracha e variações de espessura, por exemplo.
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