Conceito ESG e sua importância no novo normal

Conceito ESG e sua importância no novo normal

Um indivíduo engajado ecologicamente, que curte e compartilha nas mídias sociais as publicações da empresa sobre como ela está trabalhando pra ser cada vez mais inclusiva ou, ainda, orgulha-se em dizer que o negócio tem responsabilidade social.  

Identifica-se com pelo menos um dos três perfis acima? Então, parabéns! Você ou sua empresa certamente conhecem e aplicam o conceito ESG na rotina de vocês.  

Mas se você não conhece essa sigla ou se na sua empresa esse termo nunca apareceu naquelas comunicações corporativas inspiradoras, saiba que cuidar do meio ambiente, ter responsabilidade social e adotar melhores práticas de governança vai muito além de marketing ou discurso motivacional.  

O conjunto dessas práticas passou a ser conhecido pelo conceito ESG (Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança em tradução livre), sendo atualmente usado até como critério de escolha de investidores.  

Environmental (ou Ambiente) está relacionado não apenas em como as empresas se posicionam em relação à questões como gestão de resíduos, aquecimento global e eficiência energética, mas também o que ela efetivamente realiza de ações voltadas para redução do seu impacto ambiental, emissão de carbono, níveis de poluição e gestão de recursos naturais.  

Social (Social) não é só como a empresa se relaciona com a comunidade na qual ela está inserida, ou o respeito a seus clientes, colaboradores e parceiros. Temas relevantes como inclusão e diversidade que vão além de programas de cotas, direitos humanos, privacidade e proteção de dados também devem estar inclusos nesta pauta.  

Já Governance (Governança) trata a maneira que uma empresa escolhe para adotar suas praticas de gestão corporativa, somando à questões de ética e transparência, diversidade nos comitês executivos e canais independentes de denúncia ações efetivas para comitês de auditorias fiscais estruturados e uma política compatível e solidária para remuneração da alta administração. 

Em um mundo cada vez mais complexo e dinâmico, compreender como as empresas estão lidando com fatores sociais e ambientais é de fundamental importância. Estudos realizados pelo The Boston Consulting Group (BCG) indicam que empresas com fortes atributos de sustentabilidade possuem uma performance superior ao longo do tempo. 

E alta perfomance significa eficiência, que por sua vez atrai investidores e, assim, permite o desenvolvimento sustentável e saudável de uma organização. Ou seja, que outro argumento você precisa para convencer um investidor além de rentabilidade e impacto positivo no mundo?  

O conceito ESG é relativamente novo, de 2004, e surgiu de uma iniciativa da ONU em parceira com instituições financeiras chamada Who Cares Wins, ou Quem Quer Vencer em tradução livre. 

A ideia era levar as variáveis sócio-ambientais para o mercado financeiro e, a contar pelo destaque que o conceito vem ganhando nos últimos anos, podemos dizer que foi um sucesso. 

Obviamente, boa parte das ações de engajamento sócio-ambientais vinham sendo desenvolvidas e aplicadas por inúmeras empresas antes da cunhagem do termo ESG, mas “em uma realidade cada vez mais complexa e interconectada, é fundamental que se tenha uma visão mais sistêmica tanto para se antecipar e mitigar riscos como para capturar novas oportunidades de geração de valor e competitividade”, diz Marina Cançado, sócia da XP Inc. e head de sustainable wealth na XP Private. 

Vários fatores têm levado a uma aceleração do processo de transformação oferecido pelo conceito ESG: novas – e mais exigentes – regulamentações, principalmente na Europa, mudança geracional com ambos os Millennials e Zennials cobrando posicionamentos sócio-ambientais efetivos e a Agenda 2030, em que as nações se comprometeram com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável a serem alcançados até 2030, entre outros. 

Mas a pandemia de COVID-19 catapultou esse movimento para termos fortes elementos de abertura para um novo mindset, pois ainda de acordo com Marina, “bancos e especialistas globais já dizem que até o final da década não haverá mais investimentos ESG ou não ESG, pois todas as alocações serão pautadas pelos fatores”. 

O conceito ESG não é luxo, tampouco mais do mesmo marketing que nos acostumados a ver. É questão de competitividade e sobrevivência para empresas de todos os portes, incluindo startups.  

Carlos Barcha é especialista em pneus com 20 anos de experiência no setor automotivo, fundador e CEO da The Consulting Business Solutions. As opiniões e informações aqui expressas são pessoais e não refletem necessariamente o posicionamento destas empresas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *