Estudo revela padrões de consumo de pequenos frotistas na recauchutagem e aponta estratégias para fidelização
Um estudo recente da UNIALFA mapeou o comportamento de consumo de pequenos frotistas no setor de recauchutagem de pneus e trouxe insights estratégicos para reformadores que buscam fidelizar clientes e fortalecer sua competitividade. O levantamento preenche uma lacuna sobre o tema e destaca a relevância desse mercado no Brasil.
Focado em caminhoneiros com até cinco veículos na frota, o estudo utilizou questionários adaptados à realidade do transporte nacional, baseando-se em modelos reconhecidos, como SERVPERVAL (Petrick, 2002) e RQ (Roberts et al., 2003). Com uma margem de erro de 10%, os dados passaram por análises fatoriais exploratórias e confirmatórias, garantindo uma abordagem robusta.
Entre os principais achados, os pesquisadores Mateus Santos, Roberto Falcão e Francisco dos Santos identificaram seis dimensões que influenciam a percepção de valor dos pequenos frotistas: Sentimental, Reputação, Lealdade, Conveniência, Custo/Benefício e Segurança. O destaque fica para o novo fator “Sentimental”, que evidencia a forte ligação emocional entre caminhoneiros e reformadores, além da importância da aparência dos pneus recauchutados como reflexo do zelo pelo veículo.
“Como a segurança é primordial para os frotistas, as empresas de reforma de pneus do Brasil deveriam investir em máquinas de exame de imagem como a shearografia, pois é a única forma de garantir que o pneu reformado possua as mesmas características técnicas e segurança de um pneu novo.”, comenta Mateus Santos, um dos autores do estudo.
Diferente do conceito inicial de “Afetivo”, que previa um vínculo mais superficial, o aspecto “Sentimental” mostrou-se decisivo na tomada de decisão dos clientes. Esse fator pode ser mais bem explorado pelos reformadores para fortalecer a relação com os frotistas e ampliar sua base de clientes.
Apesar do caráter exploratório, o estudo abre novas perspectivas para pesquisas sobre o comportamento do consumidor no setor de recauchutagem. Ampliar a amostra para diferentes regiões do Brasil pode proporcionar uma visão ainda mais detalhada das particularidades desse mercado.
A validação de um novo modelo de comportamento do consumidor, por meio da Análise Fatorial Confirmatória, representa um avanço tanto acadêmico quanto prático. Para estudos futuros, os pesquisadores sugerem a aplicação de modelagem por equações estruturais e a inclusão de novas variáveis, aprofundando a compreensão dos fatores que moldam a percepção de valor dos pequenos frotistas no mercado de recauchutagem.
O link para o estudo completo, recentemente publicado pela Revista de Gestão Social e Ambiental, está aqui: https://rgsa.openaccesspublications.org/rgsa/article/view/11018.
A seguir temos um resumo do estudo:
Contexto
O Brasil possui um modal logístico predominantemente rodoviário, onde os custos operacionais, especialmente de pneus e diesel, são muito elevados. A reforma de pneus surge como uma solução mais econômica, podendo reduzir custos em até 57% por quilômetro rodado do pneu. Apesar disso, a decisão de reformar pneus não é baseada apenas no custo, mas em fatores como segurança, confiabilidade e relacionamento com fornecedores. O trabalho então discorre sobre temas do comportamento do consumidor como fatores psicológicos, valor percebido, prossumidor, serviços, suas nuances e lógica dominante.
Metodologia
Foi feita uma coleta de dados com 109 caminhoneiros autônomos e pequenos frotistas das regiões do Triângulo Mineiro, Sul de Goiás e Norte de São Paulo através de questionário. Posteriormente, foram feitas análises estatísticas como análises fatoriais exploratória e confirmatória para identificar os principais construtos que afetam a percepção de valor. Por fim, os caminhoneiros autônomos e pequenos frotistas foram agrupados em quatro perfis distintos, cada um com diferentes prioridades na escolha da reforma de pneus.
Principais Descobertas
Os principais resultados obtidos foram a reorganização dos construtos que fundamentam a percepção de valor do consumidor de reforma de pneus e sua hierarquização. Saõ eles:
- Sentimental – Relacionamento do frotista com a reformadora e impacto emocional na escolha.
- Reputação – Credibilidade e confiabilidade da reformadora no mercado.
- Fidelidade – Continuidade da relação comercial com um mesmo fornecedor.
- Conveniência – Facilidade de acesso ao serviço e atendimento rápido.
- Custo/Benefício – Percepção de preço justo em relação à qualidade.
- Segurança – Impacto da reforma na segurança dos veículos e condutores.
Nos 4 grupos, ou clusters, de autônomos e frotistas, o construto principal que todos definiram como mais relevante é a SEGURANÇA. Posteriormente vem a FIDELIDADE e a partir daí cada grupo tem o seu critério de tomada de decisão. Segue em anexo os clusters com as características sócio/demográficas de cada grupo e um resumo geral de todos os respondentes.
