Pirelli muda operação nos EUA e reduz influência da China
Segundo reportagem veiculada na TireBusiness, a Pirelli & C. S.p.A. enfrenta um cenário incerto nos Estados Unidos em meio ao avanço de tarifas de importação e mudanças em sua governança. Durante apresentação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, executivos da fabricante italiana destacaram o impacto das tensões comerciais com os Estados Unidos, que […]
por Lara Roibone em 21/05/2025 - Atualizado em 21/05/2025
Segundo reportagem veiculada na TireBusiness, a Pirelli & C. S.p.A. enfrenta um cenário incerto nos Estados Unidos em meio ao avanço de tarifas de importação e mudanças em sua governança. Durante apresentação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, executivos da fabricante italiana destacaram o impacto das tensões comerciais com os Estados Unidos, que ainda negociam com parceiros como União Europeia e China. A empresa projeta dificuldades relacionadas à inflação e à desaceleração econômica global no decorrer do ano.
O mercado norte-americano responde por mais de 20% da receita da Pirelli, mas a produção local — concentrada na fábrica de Rome, Geórgia — cobre apenas 5% da demanda. Outros 55% vêm do México e são isentos, por ora, das tarifas de 25% aplicadas pelo governo dos Estados Unidos, por estarem cobertos pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês). Os 40% restantes, produzidos na Europa e no Brasil, estão sujeitos à cobrança. O impacto estimado dessas tarifas sobre os pneus e sobre a reciprocidade na importação de veículos de duas rodas é de R$ 337 milhões (US$ 64,9 milhões).
Nova governança para restringir a participação chinesa
Mesmo diante dessa pressão, a Pirelli manteve projeções conservadoras de receita entre R$ 38,4 bilhões e R$ 40,4 bilhões (US$ 7,4 bilhões a US$ 7,8 bilhões) para 2025. No primeiro trimestre, a empresa registrou receita de R$ 10,1 bilhões (US$ 1,95 bilhão), alta de 3,7%. O lucro líquido subiu 26,7% no período, totalizando R$ 714 milhões (US$ 137,7 milhões), enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado (EBITDA ajustado) foi de R$ 2,24 bilhões (US$ 431,8 milhões), aumento de 6%.
Além da questão tarifária, o executivo vice-presidente Marco Tronchetti Provera abordou o esforço para reestruturar a governança da companhia. A mudança é uma resposta às restrições dos EUA sobre o uso de tecnologias com vínculos à China. Em abril, o conselho da Pirelli decidiu limitar o controle da estatal chinesa Sinochem Holding, que possui 37% da empresa. O impasse com a acionista majoritária levou à suspensão de investimentos planejados na fábrica da Geórgia.
Paralelamente, a Pirelli firmou um acordo para vender sua rede de distribuição na região nórdica, Daeckia A.B., para o grupo sueco CTS — Circular Tire Services Europe Holding A.B. — por cerca de R$ 132 milhões (US$ 26 milhões). A Daeckia opera 60 lojas próprias e 42 afiliadas na Suécia. Segundo a empresa, a parceria garantirá à Pirelli a manutenção do fornecimento de pneus à rede até, pelo menos, 2030, com potencial de ampliar sua presença comercial em outros mercados da Europa Setentrional.