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Pirelli se distancia da chinesa Sinochem para viabilizar expansão nos EUA

A fabricante italiana de pneus Pirelli anunciou nesta segunda-feira (28) que não é mais controlada pela estatal chinesa Sinochem, após mudanças promovidas pelo governo da Itália com base na legislação conhecida como “poderes dourados” — um conjunto de medidas que permite ao Estado intervir em empresas consideradas estratégicas. A decisão é vista como um passo […]

por Mateus Taday em 29/04/2025 - Atualizado em 29/04/2025

A fabricante italiana de pneus Pirelli anunciou nesta segunda-feira (28) que não é mais controlada pela estatal chinesa Sinochem, após mudanças promovidas pelo governo da Itália com base na legislação conhecida como “poderes dourados” — um conjunto de medidas que permite ao Estado intervir em empresas consideradas estratégicas. A decisão é vista como um passo importante para destravar os planos de expansão da empresa no mercado norte-americano.

Conflitos entre os acionistas italianos e chineses sobre a governança corporativa da Pirelli vinham sendo um obstáculo à ampliação da atuação da companhia nos Estados Unidos, um dos seus principais mercados. A Camfin, segundo maior acionista da empresa, vinha alertando que a forte presença da Sinochem — que detém 37% da Pirelli — dificultava a adequação às exigências regulatórias dos EUA, especialmente no setor automotivo conectado.

Em 2023, o governo da Itália decidiu intervir para limitar a influência da Sinochem, acionando os chamados poderes dourados. Nesta semana, o conselho de administração da Pirelli aprovou uma resolução que reconhece formalmente que a Sinochem não exerce mais controle sobre a companhia. Apesar disso, a própria empresa reconheceu que esse é apenas um primeiro passo, ainda não definitivo, para reformular sua governança conforme as normas norte-americanas, sobretudo no que diz respeito à tecnologia embarcada em veículos.

A movimentação da Pirelli ocorre em um momento de endurecimento das regras nos Estados Unidos contra a participação de empresas chinesas no fornecimento de softwares e hardwares para veículos conectados. A partir do ano-modelo de 2027, o país passará a proibir softwares vindos de companhias sob controle chinês, com as restrições a componentes físicos entrando em vigor em 2029. A Pirelli desenvolve pneus inteligentes, chamados de “Cyber Tyres”, equipados com sensores que coletam e transmitem dados em tempo real para o sistema do veículo.

A estatal chinesa Sinochem se manifestou contrária à decisão do conselho da Pirelli, alegando que o uso dos poderes dourados não implica necessariamente na perda de controle acionário. No entanto, não indicou se pretende contestar a medida judicialmente. A Pirelli, por sua vez, reafirmou a validade do parecer jurídico que embasou a decisão, aprovado pela maioria dos membros do conselho.

Na votação, nove dos quinze integrantes do conselho aprovaram a resolução. Os votos contrários vieram do presidente do conselho, Jiao Jian, e de outros quatro representantes chineses. Um conselheiro chinês se absteve. O grupo favorável incluiu os quatro representantes da Camfin, três conselheiros ligados a investidores institucionais e dois indicados pela própria Sinochem, mas de nacionalidade italiana. Após o anúncio, as ações da Pirelli encerraram o dia com queda de 0,5%.

Fonte: Reuters.

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