Por que aqueles pneus explodiram?
Nesta terça-feira (15), a Pirelli, fornecedora única de pneus na Fórmula 1 para a temporada de 2021, emitiu comunicado informando que as falhas não foram causadas por falha de produção, desgaste ou delaminação, mas que as rupturas foram causadas por uma quebra circunferencial na parede lateral interna dos pneus, não como resultado de corte por detritos.
Repercutido em matérias no site motorsport.com, a fabricante italiana dá a entender que essas rupturas na parede lateral foram provavelmente causadas pela “condição de funcionamento do pneu”, relacionando os incidentes à pressão ou às temperaturas às quais os pneus foram usados.
Apesar do comunicado emitido pela Red Bull Racing negando trabalhar com pressões abaixo das mínimas estipulada quase imediatamente após ao divulgado pela Pirelli, as preocupações de que as equipes possam ter encontrado meios de contornar os controles atuais fez com que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e Pirelli decidissem adotar novos procedimentos com o intuito de anular esse comportamento já para o próximo GP, que ocorrerá nos doas 18, 19 e 20 de junho no autódromo de Paul Ricard, em Le Castelet, França.
Mas o que chama a atenção foi a conclusão da entidade máxima e da fabricante que, embora as equipes já possuam seus próprios sensores e dados para monitorar a pressão dos pneus, esses sistemas não são confiáveis o suficiente e, portanto, os dados não são robustos para serem evidências estabelecidas de violações de regras.
Logo, em uma tentativa de confirmar se as equipes estão mantendo a pressão dos pneus de maneira satisfatória, os pneus agora serão verificados depois de serem usados nos carros. Os conjuntos serão selecionados aleatoriamente nas sessões de treinos e classificação, enquanto todos os conjuntos de corrida serão verificados após o uso.
Não é de hoje que surgem suposições e questionamentos quanto à tecnologia empregada pela Pirelli na confecção dos seus pneus para as diferentes categorias do esporte a motor para as quais ela fornece pneus, incluindo obviamente a Fórmula 1.
Concordar que não existe a possibilidade de considerar o monitoramento da pressão realizado pelas equipes não é robusto o suficiente para decretar uma violação do regulamento, ao mesmo tempo que seus pneus não fornecem essa informação de forma precisa para a criação de um monitoramento neste nível de excelência, quando falamos com cada vez mais normalidade sobre o pneu conectado para carros de passeios infinitamente menos “tecnológicos” que o que acreditamos ver na Fórmula 1 atual faz com que essas dúvidas e teorias ganhem força.
No Brasil já está disseminada a tecnologia do TPMS e em nenhum lugar vemos montadoras que se utilizam da tecnologia dizendo, ou dando a entender, que a informação é imprecisa ou que devemos considerar grandes tolerâncias para evitarmos rodar com pressões abaixo das especificadas.
A Michelin, fabricante francesa de pneus e principal fornecedora para a 24 Horas de Le Mans, orgulha-se de prover o monitoramento da pressão dos pneus em tempo real desde 2018. Estariam os franceses superestimando seus pneus conectados, ou os pneus da Fórmula 1 de hoje são realmente pneus de baixíssima tecnologia de fabricarão?
O fato é que vamos voltar a atenção para as atividades de pista do GP da França no próximo final de semana de olho nos novos procedimentos e protocolos com os pneus, que passam a ter selos adicionados para garantir que as equipes não possam mudar as pressões antes das verificações.
A FIA estabeleceu procedimentos para as verificações da pressão a frio e eles devem estar de acordo com uma estimativa da Pirelli de que ela acredita que os pneus devem ser deixados. Outras verificações com câmeras infravermelhas também estão sendo introduzidas para garantir que as equipes não estejam superaquecendo os pneus com seus cobertores térmicos em uma tentativa de aumentar a pressão antes das verificações.
Onde anteriormente as equipes apenas tinham que cumprir as pressões iniciais mínimas dos pneus, agora a necessidade de passar por verificações pós-corrida significa que eles não serão capazes de usar pneus de forma consistentemente abaixo dos números de orientação da Pirelli.
Vale lembrar que para a temporada de 2022, os pneus deixam de ter os atuais aro 13” e passarão a ter 18”, tornando-se similares ao que vemos nas ruas e em outras categorias. E este imbroglio da pressão já gerou reflexos nestes novos pneus!
Em uma recente alteração aos regulamentos técnicos de 2022, o Artigo 10.7.3 declara: “Todos os carros devem estar equipados com sensores de monitoramento de temperatura e pressão dos pneus que foram fabricados por um fornecedor designado pela FIA de acordo com uma especificação determinada pela FIA.”
Ou, em outras palavras, a próxima geração dos pneus de Fórmula 1 da Pirelli, enfim, deverão ter o estado da arte em termos de excelência e tecnologia na fabricação de pneus. Pelo menos, é o que esperamos caso isso não seja uma realidade hoje…