QR code em pneus: algo bom, ruim ou simplesmente fora de hora?

QR code em pneus: algo bom, ruim ou simplesmente fora de hora?

Em 2016, a BMW decidiu assumir a responsabilidade de mudar a forma como os pneus seriam controlados em sua cadeia logística, marcando cada um deles com códigos QR (ou QR code), permitindo rastrear aquele produto ao longo de seu ciclo de vida individual. Isto, sem dúvida, trouxe algo revolucionário e extremamente útil para toda a cadeia automotiva. 

No início de 2019, a marcação à laser de códigos QR em pneus em larga escala tornou-se viável e passou a ser adotada por alguns fabricantes de pneus, principalmente na linha de pneus para caminhões e ônibus. 

Desde que foi inventado, o código QR tem sido utilizado para as mais variadas funções, tendo obtido grande destaque nas cadeias de fornecimento e controles logísticos. Porém, nos últimos anos, a sua utilização passou a caracterizar ações de marketing.  

Ao contrário das vantagens pensadas à época, um código QR na lateral do pneu tem a sua funcionalidade reduzida quando este sofre algum tipo de dano estético na lateral ou, ainda, é inserido em pneus com alturas de flanco super reduzidas. Mesmo para leitores com níveis de correção cada vez maiores (que estão muito acima da câmera do seu smartphone), tais fatores comprometem mais ou menos a funcionalidade da solução, que por si só é limitada. 

Mas o golpe de misericórdia para afirmarmos que o código QR é uma inovação tardia, ou simplesmente fora de hora, para pneus é a evolução que os fabricantes já alcançaram com a tecnologia RFID. 

A Identificação por Radio Frequência, ou do inglês Radio Frequency IDentification, o RFID tem se tornado um novo padrão de mercado e já está presente nos cartões de aproximação e até nos passaportes inteligentes, graças à ação de um chipset eletrônico que pode trocar dados.  

A tag RFID, quando inserida na construção do pneu, garante sua integridade e inviolabilidade, trazendo benefícios nos fluxos logísticos, melhora na produtividade da manufatura, facilita o acesso às informações de qualidade e rastreabilidade do produto, possibilita uma otimização do sequenciamento das peças na linha de montagem, evitando erros de montagem, além de permitir que o gerenciamento de estoques nas montadoras e revendas seja melhor e mais efetivo. Podemos incluir até a gestão de certificações e homologações do pneu. 

Até aqui, tudo que um código QR também pode fazer. Mas é o que a tag RFID abre de oportunidades que difere esta tecnologia do código QR, relegando gradativamente ao esquecimento (no caso dos pneus).  

O RFID abre oportunidades nos campos de manutenção preventiva e monitoramento do pneu ou do veículo em uso, integrando um sistema de monitoramento de pressões (TPMS), fornecendo informações para o condutor em tempo real como estado de conservação dos pneus, predição do tempo de vida até a troca dos pneus, estilo de condução visando a extensão desta vida útil e inúmeras outros serviços de concierge e de manutenção preventiva conforme o RFID for sendo integrado à outros sensores e centrais eletrônicas do veículo e compreendendo o estilo de direção de diferentes condutores. 

Na mobilidade do futuro, troca de dados, nuvem, predição, controle automatizado e inteligências artificiais são os elementos que estarão no centro desta nova realidade. E tudo isso pode ser viabilizado de forma mais robusta e completa com o RFID, que complementa e revoluciona as opções trazidas pelo código QR. 

Carlos Barcha é especialista em pneus com 20 anos de experiência no setor automotivo, fundador e CEO da The Consulting Business Solutions e, também, Gerente Técnico da Michelin América do Sul. As opiniões e informações aqui expressas são pessoais e não refletem necessariamente o posicionamento destas empresas

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