Rastreamento da pegada de carbono: o que isso significa?
Por Carlos Barcha*
Sustentabilidade, pauta ESG, hidrogênio verde, socialismo ambiental… muitos de nós já foi surpreendido por uma ou mais dessas definições, via de regra, em discursos alarmistas sobre aquecimento global ou em uma ação de marketing para greenwashing.
Fato é que são raras as empresas que estão genuinamente focadas em usar a pauta ESG, por exemplo, para tornarem-se mais eficientes tanto do ponto de vista financeiro como ambiental.
E se eu acrescentar na lista acima a sigla CBDC, de Central Bank Digital Currency (moedas digitais de bancos centrais em tradução livre)? Provavelmente você não está vendo relação direta com o parágrafo anterior ou com o título acima, mas acredite, ela existe!
Juntamente com as notícias de extinção do motor a combustão na Europa em 2035, a descoberta de greenwashing em inúmeras ações ESG e a histeria do aquecimento global com o que parece ser a “vingança do petróleo, algumas empresas de tecnologia têm trabalhado em sistemas de rastreamento individual de pegada de carbono.
Michael Evans, presidente da Alibaba, a Amazon chinesa, em um painel sobre Economia Verde e ESG no Fórum Econômico de Davos deste ano, falou abertamente sobre o desenvolvimento dessas ferramentas de rastreamento individual de emissão de carbono. Não importa onde você vai, como você vai, o que consumiu, como consumiu, o que vai fazer, como irá fazer, tudo será monitorado e, de forma direta ou indireta, poderá ser controlado.
Claro que inicialmente essa ferramenta poderia ser um excelente meio de conscientização para a eficiência ambiental, mas a exemplo do que tem acontecido com a pauta ESG e a mobilidade elétrica, ela poderá se tornar um controle compulsório sobre o uso das diversas plataformas de mobilidade e de consumo.
É aqui que o CBDC pode deixar tudo extremamente preocupante! CBDC conferem aos governos e seus Bancos Centrais controle praticamente ilimitado sobre nosso dinheiro, incluindo um nível de monitoramento jamais visto pela humanidade.
Este tipo de tecnologia associada ao discurso ambientalista alarmista que fomos vítimas recentemente, e que mergulhou a Europa Ocidental em uma crise energética brutal, e à pressão que está sendo imposta sobre a agenda ESG, pode criar um cenário potencialmente totalitário.
Uma ferramenta de monitoramento individual de pegada de carbono associada a um controle direto sobre o uso do seu dinheiro é a receita de um controle social irrestrito, nos moldes do Crédito Social atualmente em vigor na China, que pauta o comportamento individual dos chineses.
Sem uma definição objetiva do que é pegada de carbono ou não e conceitos claros sobre a auditoria e correta mensuração desses números, as possibilidades para arbitrariedades são de arrepiar!
Estamos em um caminho tecnológico sem volta onde cada vez mais precisamos entender e discutir as verdadeiras causas ao invés de atacar as consequências. Quando falamos de eficiência ambiental, devemos buscar soluções para a geração de energia, nunca para controlar ou restringir o consumo.
De nada adianta carros 100% elétricos com a energia sendo produzida por usinas a carvão… é muito menos limitar cada indivíduo a percorrer 10.000 km por ano para “ajustar” a sua pegada de carbono.
Discursos alarmistas associados à visões totalitárias e projetos de poder e não o aquecimento global poderão levar a humanidade ao colapso. Quaisquer abordagens que sejam anticapitalistas, contrárias ao desenvolvimento econômico e geração de riqueza são no fundo anti-humanas.
Após o fracasso da Teoria Malthusiana nos anos 1970 sobre a necessidade do controle populacional, não parece razoável vermos uma nova investida de controle totalitário sob o discurso de proteção ambiental.
* Carlos Barcha é especialista em pneus com mais de 20 anos de experiência no setor automotivo e criador do Método Barcha