Reforma de pneus é destaque na COP26 e no mercado
Com faturamento de R$5 bilhões, recapagem de pneus cresce em meio a “onda verde” no mundo.
O mercado de recapagem de pneus no Brasil evoluiu na última década, especialmente com as novas tecnologias de automatização. Há 20 anos, a atividade se limitava à atuação em borracharias, normalmente instaladas na periferia das cidades. Atualmente, empresas estruturadas investem no setor e oferecem serviços especializados, prestados por profissionais capacitados no ofício.
O segmento tem um faturamento anual de R$ 5 bilhões (considerando as unidades reformadoras de pneus e os fabricantes de matéria-prima), o que gera uma arrecadação de R$ 1 bilhão em impostos, além de garantir mais de 250 mil empregos diretos e indiretos, sendo a maioria em microempresas e companhias de pequeno porte.
Élcio Mendes, gestor comercial da NSA Pneutec, explica que a reforma de pneus não é mais uma tendência futura de mercado, e sim uma realidade: “Vivemos um momento que o mundo exige cuidados com o meio ambiente, e as novas práticas ESG, por exemplo, são essenciais para atravessar esse momento de crise global e garantir a sustentabilidade”, afirma.
Para a fabricação de um pneu comercial novo, são utilizados 79 litros de petróleo, enquanto, um pneu reformado, consome cerca de 29 litros. Já nos pneus de veículos usuais das pessoas no dia a dia (carros e motos), a fabricação de um novo pneu precisa de 27 litros e, um reformado, apenas nove litros.
Essa diferença possibilitou, em dez anos, uma economia de mais de cinco bilhões de litros de petróleo, o que significa que 26 milhões de toneladas de CO₂ deixaram de ser emitidos na atmosfera, no mesmo período.
Setor é destaque na COP 26
Durante a COP 26 (evento climático promovido pelos Estados Unidos no início de novembro), representantes da Associação Brasileira de Reformas de Pneu (ABR), exaltaram as contribuições que um pneu reformado traz do ponto de vista ambiental, social e econômico. De acordo com a associação, o setor evitou, em dez anos, 26 milhões de toneladas de CO₂ em emissões no Brasil, e um gasto de cinco bilhões de litros de petróleo.
“A reforma de pneus garante um retorno ambiental de 80% a menos de CO₂, do que seria gerado pela produção de um pneu novo. Na NSA, por exemplo, buscamos oferecer produtos que também ocasionam a economia de combustível em linha de produção ativa”, comenta Élcio.
Os rendimentos de um pneu reformado são iguais aos de um pneu novo?
O pneu reformado oferece rendimento quilométrico semelhante ao pneu novo, mas com um valor 75% mais econômico para o consumidor, o que apresenta uma redução de 57% no custo/km para o setor de transporte, por exemplo. O pneu é o segundo maior custo de uma transportadora, atrás somente do combustível.
No segmento de carga, o pneu reformado atinge cerca de 65% do total dos equipamentos rodantes. Com isso, é inegável a relevância do setor de reforma de pneus para a economia do segmento de transportes.
Preconceito contra pneus reformados ainda existe?
Embora apresentem inúmeros ganhos para o meio ambiente, e econômicos para o consumidor, ainda existem pessoas que possuem desconfianças quanto à reforma de pneus.
Estigmas referentes a segurança, qualidade e longevidade de um pneu reformado comparado a um pneu novo ainda permanecem na sociedade, contudo, este cenário tem sido alterado com campanhas conscientizadoras, declarações públicas de autoridades públicas, como as vistas na COP 26, e a necessidade de cuidar melhor do meio ambiente.
“Infelizmente nós sentimos que o preconceito ainda existe, porém, temos o dever de transmitir a segurança necessária para as pessoas e, dessa forma, mudar essa realidade, e adequar os negócios com a necessidade de redução dos custos e contribuição ambiental”, finaliza Élcio.