Reformas de pneus em tempos de alta: um olhar sobre custos e fretes
O setor de recapagem de pneus enfrenta um desafio constante: os aumentos frequentes nos preços dos insumos, especialmente das borrachas fornecidas pelos fabricantes. Essas alterações, conforme aconteceu nas últimas semanas, comunicadas por meio de cartas de reajuste, têm se tornado cada vez mais frequentes e impactam diretamente a rentabilidade dos reformadores. Diante dessa pressão, o repasse dos custos aos clientes finais é uma tarefa complexa, principalmente em um mercado tão competitivo.
As cartas de aumento refletem diversos fatores, como a variação cambial, o custo das matérias-primas e oscilações no mercado. No entanto, o reformador, posicionado entre os fornecedores e os transportadores, muitas vezes absorve parte do impacto, prejudicando suas margens de lucro e sustentabilidade financeira.
Por outro lado, uma recente revisão no cálculo dos pisos mínimos de frete, aprovada pela ANTT, traz um alívio potencial para o setor. Conforme divulgado pela Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP), a medida não apenas atualiza os valores mínimos de frete, mas também fortalece o mecanismo de fiscalização, com novas penalidades para transportadoras que desrespeitarem os pisos.
Essa revisão pode criar um cenário mais favorável para o repasse dos reajustes no custo da reforma de pneus. Com transportadoras obrigadas a respeitar um piso mínimo de remuneração, elas terão maior capacidade financeira para absorver aumentos nos serviços relacionados, como a recapagem de pneus. Esse desdobramento é crucial para o equilíbrio do setor, já que os pneus reformados representam uma alternativa econômica e sustentável para as empresas de transporte.
Além disso, o reforço na fiscalização da ANTT deve aumentar a adesão ao piso mínimo, reduzindo a concorrência desleal entre transportadoras e criando um ambiente de negócios mais estável. Com maior previsibilidade na receita, transportadores estarão mais dispostos a aceitar ajustes nos custos operacionais, permitindo que o setor de recapagem recupere parte de suas margens.
* Mateus Santos é engenheiro e mestre em ADM, formado pelas Faculdades Unitri, FGV e UNIALFA. Especialista em pequeno frotista, atua com pneus há mais de 15 anos através da Conquixta Pneus em Uberlândia/MG. Mateus é natural de Formiga/MG e fala sobre mercado, novidades, tendências e tudo que envolver pneus de caminhão e a vida do caminhoneiro autônomo.
– As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do 54PSI –