Soluções inteligentes e investimentos para acelerar a mobilidade urbana
Por Thiago Guerrer, diretor comercial na Pumatronix, fabricante de soluções para o monitoramento do trânsito
Muitos são os desafios para as cidades em termos de mobilidade urbana. Para acompanhar as mudanças globais e acelerar esse processo, soluções criativas e inovações tecnológicas precisam ser adotadas. Entre as tecnologias que podem contribuir para o desenvolvimento de cidades inteligentes estão as soluções para captura e reconhecimento de imagem, que integram novos conceitos em segurança, fiscalização e mobilidade.
Hoje, os sistemas de alta precisão e tecnologia são os grandes aliados do trânsito, que precisa ser cada vez mais eficiente e seguro. Mas, quando falamos em segurança pública no Brasil, muitas são as dificuldades. Ainda estamos aprendendo sobre a importância de um sistema de transporte inteligente em nosso país e, muitas vezes, não observamos o que há por trás de toda a infraestrutura criada para proteger as pessoas de acidentes de trânsito ou, então, as estratégias de rotas alternativas para chegar em casa com mais rapidez e cuidado.
É aí que se torna necessário unir esforços de pesquisa e desenvolvimento em prol da construção de uma sociedade mais segura, embora seja um desafio criar soluções que atendam às necessidades do governo e dos cidadãos, uma vez que o custo pode ser a principal barreira para a implementação de novas tecnologias.
No entanto, o mercado oferece soluções tecnológicas capazes de entender o fluxo de trânsito e usar essas informações para o planejamento dos semáforos e controle de tráfego de veículos, por exemplo. Funciona da seguinte forma: o sistema é integrado a controladores semafóricos e faz o monitoramento e análise da passagem de veículos por vídeo, seja em grandes centros urbanos, médios ou nas cidades menores.
A solução, que faz análises em tempo real, é uma forte aliada da mobilidade urbana, uma vez que o aumento da frota de veículos faz com que os motoristas percam muitas horas no trânsito diariamente. Por meio das informações fornecidas, o sistema consegue fazer uma gestão do tráfego de forma adaptável, com ajustes de tempo conforme o fluxo de cada via. A taxa de ocupação e a previsão de filas também podem ser identificadas. Tudo isso contribui para melhorar o fluxo e a segurança das vias.
Mas não podemos falar das inovações tecnológicas para o trânsito e fechar os olhos para questão econômica que afeta o acesso aos serviços de transportes, fator que reflete diretamente nas questões de mobilidade. A ausência ou ineficiência na prestação de serviços em determinadas áreas, somada à falta de investimentos nos serviços de transporte público em algumas regiões, também são outras questões que precisam de atenção.
O processo de construção de infraestrutura envolve políticas públicas e o seguimento das leis locais. Além disso, uma infraestrutura sustentável que viabilize a mobilidade urbana requer a construção de pontes, duplicação de rodovias, entre outros investimentos que exigem licenças ambientais e aprovações estatais, ou seja, tudo depende do orçamento e das políticas governamentais.
Nesse sentido, oferecer uma solução inovadora para um problema social nem sempre é o suficiente. O desafio futuro para a mobilidade são os investimentos em infraestrutura rodoviária, porém ainda há muito a ser desenvolvido para que ocorra uma integração sustentável com transportes públicos e privados. Hoje, ainda há poucas linhas de financiamento disponíveis, o que também pode dificultar o desenvolvimento de cidades inteligentes.
Mesmo diante de todos esses desafios, como acelerar a transição da mobilidade no Brasil? Precisaremos de investimentos em projetos inovadores que tragam soluções reais para o atual cenário. Contudo, a realidade mundial mudou devido à pandemia da covid-19 e, junto a isso, as necessidades dos cidadãos também mudaram. As pessoas não querem só agilidade e praticidade na locomoção: esperam também mais segurança ao compartilhar o transporte público, e hoje mais do que nunca o contexto pede a atenção especial por parte do governo em projetos de modernização dos sistemas de trânsito.
Paralelamente a isso, por conta da aglomeração e do receio de contaminação em transportes públicos, as pessoas agora almejam adquirir veículos próprios, conforme revelam as estatísticas. Nesse contexto, há duas perspectivas antagônicas para o segmento de trânsito. Se, por um lado, os usuários de transporte coletivo têm buscado alternativas para adquirir o veículo próprio apostando na mobilidade individual, por outro, a demanda por carros novos segue em baixa e o motivo é o aumento de preços e das incertezas econômicas devido à pandemia da covid-19, como confirmam os dados da Anfavea, que relatou a produção de 209.296 veículos em dezembro de 2020, contra 199.707 em janeiro de 2021 e 197.035 em fevereiro também deste ano.
Sendo assim, carros usados e seminovos ganham espaço no interesse de compra dos cidadãos, como apontam as pesquisas recentes da Webmotors Autoinsights. Esse fator nem sempre reflete em uma mobilidade saudável, uma vez que temos mais carros antigos transitando nas vias, o que pode favorecer panes e manutenções mais frequentes e, por consequência, congestionamentos inesperados.
Tudo isso que tem sido vivenciado no Brasil e no mundo traz a possibilidade de repensarmos os modelos e sistemas de transportes inteligentes, em prol de uma mobilidade urbana integrada, conectada e consciente. Esse pode ser o momento certo para ampliar as implementações dessas soluções tecnológicas, a fim de nos prepararmos para a volta ao trânsito, assim que a rotina for normalizada nas cidades.