Velhos desafios emergem no mercado de pneus para 2024
Por Mateus Santos*
O mercado de pneus está enfrentando um horizonte cada vez mais desafiador à medida que o ano de 2024 apresenta-se. Nada de novo no front, visto a instabilidade da economia brasileira ao longo dos anos. Uma série de indicadores preocupantes estão surgindo, lançando sombras sobre a estabilidade e o crescimento do setor. A recente admissão da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) sobre a queda de 6% na produtividade da safra 23/24 representa um golpe significativo para diversos segmentos econômicos, incluindo o mercado de pneus. Esta redução, que equivale a uma projeção de 17,7 milhões de toneladas a menos, sinaliza um potencial declínio na demanda por pneus, especialmente nos setores agrícola e de transporte.
Além disso, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) registrou uma preocupante queda de 10,5% nas vendas de pneus durante o primeiro mês do ano, em comparação com janeiro de 2023. Esta diminuição acentuada na demanda sugere uma desaceleração mais ampla, ligando de vez a luz amarela no setor. É possível creditar esta queda nas vendas à crescente entrada de pneus importados no mercado, impulsionada ainda pelo contrabando desenfreado por fronteiras terrestres. Vide a apreensão de mais de 1 milhão de reais em pneus nas ultimas semanas na região de Uberlândia no triangulo mineiro e em todos os noticiários pelo país.
Apesar do crescimento econômico de 3% registrado pelo Brasil em 2023, restaurando sua posição entre as 10 maiores potências econômicas do planeta, há uma clara dissonância entre os indicadores macroeconômicos e as realidades setoriais. Esta disparidade é ainda mais acentuada quando consideramos o recente declínio no preço do frete, conforme relatado também pela CONAB. Esse fenômeno, apesar de acelerar o escoamento de grãos no país, está resultando em um sufocamento das margens de lucro, já apertadas, em todo o mercado de transporte e pneus, pressionando ainda mais os atores do setor.
Diante desses dados contraditórios e desafiantes, é essencial que os players do mercado de pneus adotem uma abordagem proativa e criativa para enfrentar os obstáculos que se apresentam. Estratégias inovadoras, adaptação ágil e colaboração entre os diversos setores serão fundamentais para garantir a resiliência e a sustentabilidade do mercado de pneus em meio às turbulências econômicas e às incertezas do cenário nacional.
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* Mateus Santos é engenheiro e mestre em ADM, formado pelas Faculdades Unitri, FGV e UNIALFA. Especialista em pequeno frotista, atua com pneus há mais de 15 anos através da Conquixta Pneus em Uberlândia/MG. Mateus é natural de Formiga/MG e fala sobre mercado, novidades, tendências e tudo que envolver pneus de caminhão e a vida do caminhoneiro autônomo.
