Vou trocar apenas dois pneus… devo colocá-los no eixo dianteiro ou no eixo traseiro?

Vou trocar apenas dois pneus… devo colocá-los no eixo dianteiro ou no eixo traseiro?

Como todos sabemos, o rodízio dos pneus a cada 10.000 quilômetros é altamente recomendável porque mantem o padrão de desgaste equivalente independente do eixo em que o pneu está e, no final, você poderá trocar todos os quatro pneus de uma vez. Porém, danos acidentais ou a falta do rodízio podem fazer aparecer a necessidade/oportunidade de se trocar apenas dois pneus…

E aí você se pergunta: em qual eixo eu instalo os pneus novos?

A resposta: os pneus menos gastos devem, sempre, serem instalados no eixo traseiro do veículo.

A seguir, vamos esmiuçar a explicação para essa resposta, que é de fácil entendimento para engenheiros automotivos ou entusiastas de carros, mas gera muita dúvida nos motoristas em geral por ir contra o que aparentemente é o óbvio.

O raciocínio óbvio, oriundo de uma análise bastante simplista, se o eixo dianteiro é tanto o eixo direcional como também o de tração na esmagadora maioria dos carros, então, os pneus mais novos devem ser instalados na dianteira porque com o desgaste, existe uma tendência do pneu ficar careca, que por usa vez diminui os níveis de aderência e escoamento de água, resultando em uma menor dirigibilidade do veículo e, com tudo isso, ter afetada a capacidade de condução deste veículo.

Em termos um pouco mais técnicos, esta tendência de baixa aderência e dirigibilidade reduzida gera, na dinâmica veicular, um fenômeno conhecido como subesterço, do termo em inglês understeer, ou simplesmente “sair de frente”.

Mas existe um fenômeno similar, porém oposto, que é o sobresterço, do termo em inglês oversteer, ou a famosa saída de traseira. E é graças ao sobresterço que temos a justificativa técnica para afirmar que o raciocínio óbvio acima está equivocado e devemos instalar os pneus mais novos sempre no eixo traseiro.

Motoristas normais, como podemos classificar a grande maioria de nós, jamais conseguirá perceber de antemão a ocorrência do sobresterço ou oversteer e, quando tivermos percebido que o carro está “saindo de traseira”, será dinamicamente tarde demais para evita-lo, reequilibrar as forças atuantes no veículo e recuperar o controle, tendo-nos tornado meros passageiros involuntários!

Já o fenômeno de subesterço é mais perceptível para os motoristas comuns e no ramo automotivo costumamos dizer que um carro “avisa” quando vai começar a “sair de frente”.

Além disso, a recuperação do carro requer menos habilidade do condutor: basta deixar de acelerar o veículo para que ele reduza a sua velocidade (sem pisar no freio!) e deixe que a física se encarregar do restante, pois as forças atuando no veículo tenderão a se equilibrar novamente e os níveis de atrito necessários para que o controle e tração serão recuperados.

Por isso, caso não seja possível trocar sempre os quatro pneus e você repor apenas dois, lembre-se de manter os pneus novos, ou menos gastos, sempre no eixo traseiro.

Seu anjo da guarda agradece a ajuda!

Carlos Barcha é especialista em pneus com 20 anos de experiência no setor automotivo, fundador e CEO da The Consulting Business Solutions. As opiniões e informações aqui expressas são pessoais e não refletem necessariamente o posicionamento destas empresas.

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