Coluna do Quadrelli: Vale a pena trocar os pneus de seu automóvel por pneus de perfil baixo?

54PSI convida José Carlos Quadrelli para responder.

José Carlos Quadrelli: Nem sempre. Depende dos objetivos do usuário ao optar por eles. Vamos entender melhor essa questão.

E o que é “pneu de perfil baixo”? Inicialmente, o perfil de um pneu, também chamado de série ou relação nominal de aspecto (aspect ratio, em inglês), é definido como sendo a porcentagem da altura de sua lateral (ou flanco) em relação à sua largura de seção (que é maior que a largura da banda de rodagem, pois se estende até as paredes laterais). Assim, um pneu “Série (ou Perfil) 60” terá uma altura de lateral igual a 60% da largura de seção.

Os primeiros pneus de automóveis usavam pneus da série 100 ou próximas disso. O aumento de velocidade dos carros obrigou os fabricantes a optarem por pneus mais largos e baixos, para aumentar a estabilidade e a vida útil, o que acabou reduzindo a série dos pneus. Em 1967 surgiram os pneus de série 70, que foram chamados de pneus de “perfil baixo” em comparação com os pneus existentes, a maioria de perfil 82. Com a progressiva adoção de pneus de perfis mais baixos pelos fabricantes de automóveis, essa definição acabou mudando. Atualmente pneus das séries inferiores a 55 são considerados como sendo de perfil baixo. A maioria dos veículos de passeio nacionais atuais montam pneus das séries 55 a 65, mas no exterior existem pneus até da série 15 (chamados de “perfis ultrabaixos”) usados em alguns superesportivos.

E quais as vantagens de substituir os pneus originais do carro por outros de perfis mais baixos? Os pneus de perfil baixo têm uma lateral menor, o que reduz a sua flexibilidade e permite que tais pneus forneçam respostas de direção mais rápidas. Normalmente, ao se reduzir a série, a largura aumenta para que o diâmetro externo do pneu seja mantido (obrigatório por lei), aumentando a estabilidade e a aderência, permitindo que o veículo faça curvas em maior velocidade. Além disso, são apreciados pelo apelo estético já que permitem o uso de rodas de maior diâmetro.

Logicamente, isso tudo acaba gerando alguns inconvenientes. A menor flexibilidade da lateral reduz a absorção de impactos e imperfeições do piso pelos pneus, reduzindo o conforto de direção, além de proteger menos as rodas, que ficam mais expostas a quebras e amassamentos. A maior largura aumenta tanto o nível de ruído como o risco de aquaplanagem já que a água terá de percorrer um caminho maior antes de ser ejetada do desenho. Assim, o usuário que pretende reduzir o perfil dos pneus de seu carro terá de optar. Se quer tornar a condução de seu veículo mais esportiva, terá de se contentar com um nível menor de conforto e rodas mais vulneráveis.

Já os carros que vêm de fábrica com este tipo de pneu teoricamente terão suas suspensões ajustadas para suas características e a sensação de “pneu duro” seria normalmente menor. Entretanto, mesmo que a tendência das montadoras de veículos seja a de adotar cada vez mais pneus de perfil inferior, já que eles são projetados nas matrizes da Europa, EUA ou Japão, onde a qualidade das pistas de rodagem é muito melhor do que temos aqui no Brasil e na América Latina em geral, nem sempre é possível fazer um ajuste que combine esportividade com conforto nos veículos vendidos aqui.    

Para as condições existentes no Brasil, é recomendável que a altura da lateral de um pneu tenha no mínimo 100 mm, o que fornecerá níveis mínimos de conforto e proteção das rodas. A maioria dos pneus originais de veículos nacionais têm altura acima desse valor, como é o caso da medida 185/65R15, do Chevrolet Onix Plus e Renault Logan, por exemplo, com laterais de 120,25 mm (=185 x 0,65). Entretanto, existem alguns pneus que ficam abaixo dos 100 mm, como, por exemplo, os pneus de medida 205/45R18 do VW Virtus Exclusive (205 x 0,45 = 92,25 mm) e o de medida 215/45R18 do Fiat Fastback Limited Edition (215 x 0,45 = 96,75 mm).

O eventual uso destes pneus de perfil inferior com pressões de inflação mais baixas do que as recomendadas pelos fabricantes na tentativa dos usuários de reduzirem a dureza e aumentarem o conforto poderia sujeitá-los a falhas típicas da rodagem com baixa pressão, como a desagregação da banda de rodagem, quebra da carcaça por rodagem em vazio, queima ou estouro dos talões, entre outras. Daí o cuidado com este item de manutenção ser ainda mais importante para este tipo de pneu.

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