Borracharia é confiável?

Borracharia é confiável?

Em todos os bairros há pelo menos uma. Provavelmente escura, com algumas pilhas de pneus meia-vida, um compressor e uma máquina de montagem. O ambiente não é dos mais atraentes, mas a maioria de nós já sentiu aquele alívio ao ver o famoso pneu com a palavra “Borracharia” pintada enquanto rodávamos com um pneu furado.

Há grandes diferenças entre as borracharias tradicionais e as grandes revendas de pneus que possuem uma “bandeira”. Produtos e serviços encontrados em uma nem sempre são encontrados em outra, como pneus novos, que normalmente não são negociados pelas borracharias, e reparos, que nem sempre são realizados pelas lojas grandes.

Talvez o ponto mais sensível, pelo menos aos olhos do consumidor comum, seja que as borracharias são negócios pequenos, independentes, que não possuem o respaldo de uma grande multinacional por trás. Inegavelmente as duas têm seu próprio público e têm foco bem distinto, porém nem sempre podemos optar por uma ou por outra. E é aí que entra a pergunta: Borracharia é confiável?

Conversamos com Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus, para entender o que deve ser observado para não entrar em uma fria.

54PSI: Borracharia é confiável?
Rafael Astolfi: Como em todas as profissões e todos os ramos, há profissionais bons e ruins. Borracharias que tenham pessoas preparadas, ferramentas adequadas e, principalmente, honestidade e ética, são totalmente confiáveis.

54PSI: O que o consumidor deve ser observado ao chegar neste local?
Rafael Astolfi: Idealmente, seria interessante ver a qualidade do equipamento e dos materiais de trabalho dispostos pela loja, porém sabemos que os consumidores normais não possuem o conhecimento para tal. Dessa forma, recomendamos observar a organização geral (ferramentas e insumos guardados no local adequado), a limpeza (não é por que se mexe com pneus que precisa ser sujo!) e se há equipamentos mínimos e adequados, incluindo EPIs, um macaco hidráulico (macaco-jacaré), suportes (há quem use a própria roda removida para escorar o semieixo levantado), uma máquina de montagem em boas condições, e a clareza na comunicação com o profissional. Ele deve ser capaz de explicar o problema, apresentar as soluções disponíveis e passar um preço antes de começar o serviço.

54PSI: Quais serviços devem ser negados ou indagados na borracharia?
Rafael Astolfi
: Algumas borracharias oferecem consertos mais baratos, feitos com o reparo do tipo macarrão, que não são uma solução permanente e não devem ser utilizados. Também é uma prática comum o reparo nas laterais dos pneus ou na região dos talões, o que não é recomendável.

Adquirir pneus usados, recuperados, é uma prática controversa, pois apesar da eventual boa apresentação e do preço atraente, não é possível saber a real condição da carcaça do pneu, que pode estar comprometida, além de não conhecer-se a condição e extensão do dano que foi reparado.
O borracheiro também deve cumprir com práticas básicas, como lubrificar o pneu para montá-lo e desmontá-lo, usar um calibrador para encher o pneu (e não encher contando o tempo), não usar pé-de-cabra para desmontar um pneu de passeio e etc.

Por fim, análises técnicas sobre condições e danos em pneus podem ser feitas somente em lojas autorizadas e laudos que apontem falhas de fabricação dependem da análise do próprio fabricante. Infelizmente há que distribua pareceres sem treinamento e sem experiência, além de não serem aptos a passar um relatório ou um laudo por escrito sobre a análise.

54: As borracharias estão aptas a trabalhar com qualquer tipo de pneu?
Rafael Astolfi: Deve-se evitar trabalhar com pneus de runflat, pneus de baixo perfil ou aro alto nestes estabelecimentos, haja vista que são pneus que demandam um equipamento de montagem mais sofisticado, que dificilmente é encontrado em uma borracharia pequena.

É bastante comum recebermos relatos de pneus dessa característica com danos irreversíveis causados por falta de lubrificação ou uso de equipamento inadequado para montagem. Em todos os casos, o borracheiro culpou um suposto defeito de fabricação para não ter que ressarcir o consumidor.

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