É proibido recarregar
Por Carlos Barcha*
Recentemente, a Califórnia aprovou em lei uma série das mais contundentes medidas para o
controle na emissão de gás carbônico. A partir de 2035, serão vendidos no estado apenas veículos
elétricos ou híbridos que emitam 0 poluentes.
Mais do que isso, as montadoras e fabricantes serão obrigadas a abandonar motores a combustão
que emitam quaisquer traços de poluentes atmosféricos começando já em 2026 sob pena de
pagamento de multa estimada em US$ 20 mil por cada carro que não cumpra o que determina a nova lei.
O governo californiano decidiu também aprovar um crédito fiscal de US$ 1.000 para cidadãos de
baixa renda não terem carro e, assim, não aumentar a frota (agora potencialmente mais
eletrificada). Acontece que o estado americano já tem em curso um plano para converter todo o
transporte público para o modal elétrico até 2040…
Agora são dois pontos de extrema relevância que precisam ser abordados: além da discussão óbvia
sobre geração de energia limpa para sustentar a maior frota de veículos dos Estados Unidos, uma
imediata crise energética precisa urgentemente ser entendida para não afundar o estado e o país,
em um caos energético!
Horizontes de 10 ou 15 anos são nada quando o assunto engloba números na casa dos milhões e a
solução passa invariavelmente por aumento de infraestrutura e desenvolvimento de novas
tecnologias. Tanto é verdade que a participação do carvão na geração de energia aumentou 15% em
2021 e, agora, o Tio Sam gera quase 65% de toda a sua eletricidade a partir da queima de
combustíveis fósseis.
O que não deveria ser solução para toda a celeuma causada por falta de planejamento,
desorganização do estado e interesses políticos, é o que aconteceu no estado do Colorado, onde
cerca de 22 mil clientes da operadora Xcel não conseguiram ajustar a temperatura de seus ares
condicionados devido ao que foi chamado de “emergência energética” no estado.
Todos aderiram voluntariamente a um programa da companhia elétrica que lhes concedia crédito de
inscrição de US$ 100 e US$ 25 anuais em troca de perder o controle sobre seus termostatos durante
ocorrências como essa. Na prática, todos os termostatos foram automaticamente ajustados e
travados em 78-79 graus Fahrenheit, cerca de 26 graus Celsius.
Por mais que o carro elétrico não seja o ponto final, e isso fica a cada dia mais óbvio, a falta de uma
abordagem coerente e honesta sobre o real impacto da nossa sociedade no meio ambiente resultará
em caos e retrocesso, não em evolução.
* Carlos Barcha é especialista em pneus com mais de 20 anos de experiência no setor automotivo e criador do Método Barcha