Será o fim dos estepes temporários no Brasil?
Poucos temas causaram tanta controvérsia indústria quanto a utilização dos compact spares ou estepes compactos. São pneus com dimensões diferenciadas, geralmente com larguras de seção bem reduzidas e perfis altos, com diâmetros internos maiores, construídos especificamente para serem usados temporariamente em caso de danos nos pneus rodantes. Identificar um pneu temporário não é difícil: sua nomenclatura carrega a letra “T” antes da dimensão.
Os pneus temporários têm ganhado força no Brasil nos últimos anos graças às demandas do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar–Auto) do Governo Federal e da crescente exigência dos motoristas brasileiros por veículos econômicos.
Mas eles podem estar com seus dias contatos. O deputado Gervásio Maia (PSB-PB), apresentou esta semana à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5098/20 que obriga as montadoras de veículos a utilizar pneus com as mesmas especificações, inclusive o estepe. O texto do PL estabelece que todos os pneus de um carro zero Km deverão ser da mesma marca e possuir o mesmo diâmetro em polegadas, a mesma largura em milímetros e a mesma altura da banda de rodagem em porcentagem da largura.
“Esse comportamento dos fabricantes prejudica o desempenho do veículo e caracteriza prática abusiva. O correto é que se utilizem pneus da mesma marca nas quatro rodas e no pneu reserva”, afirma o deputado.
O PL prevê punição com multa por descumprimento e responsabilidade de fiscalização por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Os prós e os contras – Há argumentos pró e contra tanto por parte dos consumidores, das montadoras e dos fabricantes de pneus. Favoravelmente, os estepes compactos reduzem o peso do conjunto sobressalente em 60% ou mais, são menos visados por ladrões, podem ser usados mais de uma vez – ao contrário das tecnologias run-flat – substituem os pneus rodantes mesmo em casos de avarias em suas laterais e dificilmente o consumidor precisará adquirir outro pneu temporário durante a vida útil do veículo.
Do ponto de vista do consumidor, há uma sensação inicial de perda, uma vez que, por ter dimensões menores, o compact spare não pode ser usado para integrar o rodízio tradicional de pneus. Quem roda muito, quando troca os pneus já gastos tem que comprar quatro pneus novos e não três. Já os principais benefícios para quem compra um carro com esta versão de estepe reside no melhor aproveitamento de espaço interno do veículo, permitindo otimizar a área dedicada às pessoas e também às bagagens além da redução do consumo de combustível e da emissão de CO2 durante toda a vida útil do veículo.
Os que são contrários aos estepes compactos alegam ainda que eles provocam tendência direcional nos veículos – o que é proposital, em razão do perímetro de rodagem diferente – e também restrições em relação à velocidade.